Teste Rápido de Diagnóstico (RDT) da Malária: análise da variabilidade genética da Proteína 2 Rica em Histidina (HRP2) de Plasmodium falciparumvoltar para a edição atual

Clarisse Rezende Reis

Sob orientação de Tais Nobrega de Sousa e Maria Carolina Silva de Barros Puça
JUSTIFICATIVA. A malária é uma doença parasitária de alta morbidade causada por protozoários do gênero Plasmodium. No Brasil são encontradas duas espécies principais: Plasmodium vivax e Plasmodium falciparum, responsáveis por, respectivamente, 89% e 11% dos casos reportados no país (World Malaria Report 2020). Nos últimos anos, o aumento da migração interna e nas fronteiras do país, principalmente para a região amazônica, foi acompanhado de um aumento significativo de casos de malária causada por P. falciparum. O padrão ouro de diagnóstico para malária é a análise de gota espessa por microscopia ótica. Contudo, a microscopia possui limitações como dependência de energia elétrica e de microscopistas experientes que acabam restringindo a sua utilização. A partir disso, os testes rápidos de diagnóstico (RDTs) se tornaram essenciais para o diagnóstico em áreas remotas e regiões não endêmicas no país devido à falta de infraestrutura para a microscopia nessas localidades. Esses testes imunocromatográficos detectam a presença de antígenos específicos do parasito circulantes na corrente sanguínea do hospedeiro. A proteína rica em histidina 2 (HRP2), composta por repetições de histidina (His) e alanina (Ala) e produzida durante todos os estágios do ciclo de vida do protozoário, é o principal antígeno utilizado nos RDTs específicos para P. falciparum. A deleção do gene pfhrp2, bem como polimorfismos na sequência proteica e variação no nível de expressão de HRP2 podem interferir no resultado dos RDTs. Assim, uma menor sensibilidade associada à variabilidade genética de HRP2 já foi demonstrada em regiões da África, Ásia e América do Sul. A presente proposta tem por finalidade estudar a variabilidade de HRP2 de isolados de P. falciparum e suas implicações nos resultados dos RDTs. Um estudo recente do grupo demonstrou uma frequência de deleção de pfhrp2 de 10% em Roraima (Front. Cell. Infect. Microbiol. 11:742681, 2021). Entre as áreas avaliadas nesse estudo, Roraima apresentou a maior taxa de deleção. Diante desse resultado, pretende-se ampliar o estudo para diferentes áreas desse estado com o objetivo de obter uma caracterização mais ampla da diversidade de pfhrp2 em áreas de grande fluxo migratório no norte do Brasil. METODOLOGIA. O estudo será realizado com amostras de indivíduos que se infectaram por P. falciparum em regiões de garimpo da Venezuela e Guiana. As amostras (N=50) foram coletadas entre 2016 e 2018 nos municípios de Boa Vista/RR e Pacaraima/RR. Cada amostra será sequenciada em duplicata em ambos os sentidos da fita de DNA (senso e anti-senso) de acordo com o protocolo de Baker et al. 2005. As sequências obtidas serão comparadas com sequencias de pfhrp2 depositadas no GenBank de isolados de outras regiões. O perfil de variabilidade genética será associado com os resultados dos RDTs. RESULTADOS ESPERADOS. O estudo permitirá avaliar como as deleções dos genes pfhrp2/3 tem influenciado na performance dos RDTs em áreas endêmicas para malária no Brasil. Ao final do estudo pretende-se contribuir para o uso seguro dos RDTs no país.
Palavras-chaves:MALÁRIADIAGNÓSTICO MOLECULARPLASMODIUM FALCIPARUMPLASMODIUM VIVAXPCR DIGITALTESTE RÁPIDO DE DIAGNÓSTICO Área de conhecimento (CNPq): Parasitologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 4.1. Pesquisa e estudo da diversidade de parasitos através de identificação, análise genética e tipagem molecular, taxonômica e filogenética, genética populacional, evolução do parasitismo, inclusive nas coleções de cultura de parasitos