Análise da atividade terapêutica do extrato bioativo de Arthrospira platensis para a leishmaniose visceral.voltar para a edição atual

Jady Moreira da Silva

Sob orientação de Milena de Paiva Cavalcanti e Victor Vaitkevicius Antão de Souza
Devido ao baixo número de drogas disponíveis para o tratamento das leishmanioses, faz-se necessário constantes estudos para o desenvolvimento de novos compostos com potencial terapêutico, para aumentar o arsenal terapêutico. Moléculas de origem natural vêm sendo investigados, dentre eles, alguns microrganismos fotossintetizantes (MFs), os quais já foram observados um potencial imunomodulador e leishmanicida/leishmaniostático. As microalgas e cianobactérias apresentam uma ampla diversidade química e metabólica, e são fontes de substâncias ativas que podem ser utilizadas no tratamento de várias doenças. Poucas espécies de MFs foram exploradas, havendo pouco conhecimento sobre as atividades biológicas desse grupo, sendo necessário mais estudos que avaliem a capacidade de se tornarem potenciais terapêuticos. O presente grupo de pesquisa vem avaliando o potencial leishmanicida de extratos bioativos de MFs e até o momento foi possível observar uma boa atividade contra formas promastigotas de Leishmania infantum, além de possuírem uma baixa toxicidade às células de hospedeiros humanos e caninos, apresentando também um efeito imunomodulador, através da indução de citocinas de perfil protetor. O presente estudo tem como objetivo avaliar o potencial terapêutico do extrato bioativo de Arthrospira platensis contra a leishmaniose visceral a partir de ensaios pré-clínicos. Será realizada a infecção de modelos murinos com L. infantum e, posteriormente, será realizado o tratamento dos grupos estudo com o extrato da A. platensis e com as drogas de referência. Ensaios serão realizados para quantificação da carga parasitária dos grupos de estudo pré e pós tratamento. Por fim, a carga parasitária nos grupos de estudo tratados com o extrato bioativo será comparada com os grupos tratados com as drogas de referência. Para isso, a cianobactéria será cultivada para obtenção do extrato bioativo através do método de sonicação. Camundongos da linhagem BALB/c serão fornecidos pelo Biotério de criação do IAM/FIOCRUZ-PE. Os ensaios de infecção e tratamento possuem aprovação da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA), parecer nº175/2021. O total de 50 animais será utilizado no estudo, sendo divididos em grupos de acordo com os tratamentos realizados: PBS (Tampão fosfato) como controle negativo; SbV (Antimoniato de N-Metilglucamina) e MTF (Miltefosina), como drogas de referência, além do EAP (Extrato de Arthrospira platensis) em duas concentrações. Para os ensaios de infecção animal, formas promastigotas de L. infantum serão expandidas até a fase de crescimento exponencial em meio de cultura Schneider suplementado. Serão inoculados 1x108 células, em aproximadamente 0,2ml, a depender do peso do animal, por via intraperitoneal. Após confirmação da infecção, os animais serão tratados diariamente com os diferentes protocolos terapêuticos. Após o término do tratamento, será realizada a eutanásia nos animais de acordo com os padrões estabelecidos pelo laboratório de experimentação animal. Para a avaliação da carga parasitária dos grupos, será coletado o sangue dos animais em três períodos diferentes (7 dias após a infecção, 10 dias após o início do tratamento e após o último dia de tratamento). A extração de DNA será realizada pelo kit QIAamp DNA Mini Kit (QIAGEN Sample and Assay Techonologies). O DNA obtido será quantificado através da qPCR em tempo real de acordo com Paiva-Cavalcanti et al. (2009). Todas as amostras serão analisadas em triplicata e os resultados serão expressos como a média ± desvio-padrão. Para a análise de dados será realizado teste estatísticos com auxílio do programa GraphPad Prism 5, sendo considerados significativos quando p < 0,05. O trabalho a ser desenvolvido visa gerar subsídios científicos que propiciem a realização de estudos posteriores (como os ensaios clínicos), que possibilitem a utilização destas moléculas de forma aditiva ou substituta à terapia atualmente usada.
Palavras-chaves:LEISHMANIOSE VISCERALIMUNOMODULAÇÃOTERAPIA Área de conhecimento (CNPq): Imunologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 26.8. Imunofarmacologia