Associação de nanopartículas poliméricas contendo anfotericina B e anticorpo monoclonal anti- QBio como alternativa para o tratamento de infecções fúngicas.voltar para a edição atual

CARLA SOARES DE SOUZA

Sob orientação de Alexandre Bezerra Conde Figueiredo e Patricia Cristina da Costa Neves
Globalmente, mais de um bilhão de pessoas são acometidas por infecções fúngicas, resultando em aproximadamente 13,5 milhões de infecções potencialmente fatais e mais de 1,7 milhão de mortes anualmente. As estratégias terapêuticas atuais contra micoses sistêmicas podem levar a alta na resistência antifúngica e uma toxicidade significativa. Uma das principais abordagens para superar os desafios biofarmacêuticos é o uso de nanopartículas poliméricas, que podem carrear fármacos, como a anfotericina B (AmB). Suas principais vantagens sobre outros sistemas nanoestruturados são o aumento do potencial de solubilização de fármacos em pequenas doses, grande capacidade de encapsulamento e possibilidade de funcionalização da superfície dos nanocarreadores. Diante disso, buscamos avaliar o efeito in vitro e in vivo de nanoformulações de AmB (NanoAmB) sobre patógenos fúngicos. Neste trabalho, nanopartículas poliméricas de policaprolactona (PCL) e poli(ácido lático) (PDLLA) foram produzidas pelo método de nanoprecipitação sendo testadas contra patógenos fúngicos como Criptococcus neoformans e Candida albicans além de células de mamífero como células de monócitos humanos (THP-1) e células de rim hamster (BHK). Ensaios de citotoxicidade foram realizados e a avaliação de células fúngicas e de mamíferos viáveis foi realizada espectrofotometricamente (540 nm). As nanopartículas de PDLLA apresentaram tamanho médio de 137,3 ± 18,4 nm e concentração de AmB de 132,9 ± 17,6 mg/mL, enquanto as nanopartículas de PCL apresentaram tamanho médio de 145,1 ± 11,5 nm. O ensaio de citotoxicidade O ensaio de MTT demonstrou que ambas as formulações de NanoAmB e nanocarreadores sem AmB não apresentaram citotoxicidade contra células de mamíferos em concentrações que variam de 10 µg/mL a 0,3 µg/mL. No entanto ambas as formulações de NanoAmB demonstraram efeito citotóxico contra C. albicans e C. neoformans após 24 horas em todas as concentrações analisadas (10 µg/mL a 0,2 µg/mL) (p<0,05). A partir da concentração de 0.1 µg/ml, as nanoformulações de PCL apresentaram efeito citotóxico até 0.05 µg/mL para C. albicans e C. neoformans e parcial na concentração de 0.025 µg/ml. Abaixo desta concentração não foi observado efeito citotóxico. Entretanto, as nanoformulações PDLLA não apresentaram efeito citotóxico em concentrações abaixo 0,2 µg/mL, com exceção da concentração de 0,1 µg/mL que apresentou efeito citotóxico para C. albicans. Nanoformulações de PDLLA e PCL sem AmB apresentaram efeito citotóxico que variam de 10 a 0.6 µg/mL contra C. neoformans e C. albicans, porém sem efeito cntra células de mamífero. Desta forma, NanoAmB atuaram potencializando os efeitos inibitórios do crescimento da AmB em fungos patogênicos. Outras novas estratégias terapêuticas antifúngicas usando NanoAmB, isoladas ou em combinação com mAbs, devem ser consideradas no futuro.
Área de conhecimento (CNPq): Microbiologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 26.4. Pesquisa e Desenvolvimento de biofármacos, anticorpos, e outras macromoléculas terapêuticos