Triagem de compostos e fármacos capazes de inibir proteínas envolvidas no metabolismo lipídico humano contra Dengue virusvoltar para a edição atual

Anna Letícia Almeida de Alvarenga Soares

Sob orientação de CARLOS EDUARDO CALZAVARA SILVA e Naiara Cristina Clemente dos Santos Tavares de Paula
Até o momento não existe um tratamento específico para a dengue, sendo este apenas paliativo. Assim, estudos que busquem alvos para o desenvolvimento ou reposicionamento de fármacos, visando uma terapia específica, são essenciais. Durante a replicação do Dengue virus (DENV) as vias de lipofagia são ativadas e, com isso, triglicérides armazenados em corpúsculos lipídicos são degradados e ácidos graxos são liberados, promovendo, através da ?-oxidação, a geração de ATP necessário para completar a multiplicação viral. Por esse motivo tais vias metabólicas devem ser exploradas como potencial alvo para o desenvolvimento de estratégias antivirais. Nosso grupo de pesquisa realizou análises transcriptômicas de hepatócitos infectados com DENV-2. Essas análises revelaram genes diferencialmente expressos que são descritos como participantes de processos biológicos envolvidos no metabolismo lipídico. Dentre esses genes foi identificado o receptor adrenérgico alfa 1 (ADRA1). ADRA1A são receptores que atuam na mediação do sistema nervoso simpático envolvidos na regulação da lipofagia e na estimulação da ?-oxidação de ácidos graxos. Devido ao exposto esse trabalho pretende avaliar a relação do ADRA1A na replicação do DENV utilizando antagonistas desse receptor, com o objetivo de validar o ADRA1A como potencial alvo para terapia específica contra a dengue e identificar fármacos candidatos ao reposicionamento. Antagonistas de ADRA1A serão identificados na plataforma DRUGBANK e serão selecionados aqueles aprovados para uso em humanos e comercializados no Brasil. Após, o CC50, IC50 sobre as partículas virais e o IS serão determinados. Para o CC50, células AML12 e Vero serão expostas a diferentes concentrações de cada antagonista e a viabilidade celular será avaliada por MTT. Para o IC50, células serão infectadas com DENV seguidas de exposição a distintas concentrações dos antagonistas seguido de titulação viral por RT-qPCR, e determinação do IS. Depois, o efeito dos antagonistas sobre a replicação do DENV será avaliado quando adicionados às culturas celulares antes e após a infecção com o DENV e em dose única ou diária. Após cinco dias será realizada a titulação viral por RT-qPCR e por unidades formadoras de placas (UFP) e avaliação da viabilidade por MTT. Ainda, será realizada a quantificação de ácidos graxos livres, corpúsculos lipídicos e de ADRA1A em AML12 infectadas com o DENV e expostas aos antagonistas. Posteriormente, camundongos serão infectados com DENV e tratados com o antagonista selecionado nos ensaios in vitro. Após cinco e onze dias de tratamento será feita coleta de sangue para análises hematológicas, titulação viral por RT-qPCR e ELISA para investigar os níveis de IgM e IgG anti-DENV. Ainda, após onze dias o fígado e rins serão removidos para titulação viral por RT-qPCR e análises histológicas. Devido a pandemia de COVID-19 o trabalho os alunos de Iniciação Científica estavam impossibilitados de comparecer na instituição e, portanto, de realizar atividades presencias. Sendo assim, nos meses iniciais dessa bolsa, foram realizadas atividades de treinamentos virtuais de biossegurança e boas práticas de laboratório, além de reuniões virtuais do grupo de pesquisa. Também, durante o regime remoto, foi realizada revisão bibliográfica. Com o retorno presencial foram realizados treinamento de preparo de meio e soluções, cultivo celular, multiplicação e titulação do DENV e, até o momento, foram estabelecidas culturas das linhagens C6/36, Vero e AML12 que serão usadas nos ensaios futuros.
Palavras-chaves:DENGUE VIRUSREPOSICIONAMENTODRUG DISCOVERYTRIAGEM DE FÁRMACOS Área de conhecimento (CNPq): Microbiologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 3.2. Biologia celular e molecular de vírus e a sua interação com células hospedeiras, drogas antivirais e resistência