O Exílio da Cientistas e a Ciência no Exílio: a conversa epistolar entre Haity Moussatché, Herman Lent e José Leite Lopes (1969-1973) e entre Erney Camargo, Luis Rey e Hildebrando Pereira da Silva (1966-1968) em tempos de ditadura.voltar para a edição atual

Laura Barbosa Menacho Ferreira

Sob orientação de Gilberto Hochman
Os temas da imigração, do desterro, dos refugiados e do exílio são atuais e fundamentais em um mundo marcado por desigualdade, conflitos armados, perseguições políticas, guerras civis e emergência climática que produzem um trágico deslocamento massivo de seres humanos, inclusive de intelectuais e cientistas. A pesquisa de iniciação científica tem como objetivo analisar a experiência de exílio de cientistas brasileiros durante o regime militar (1964-1985). A questão central é analisar, por meio de documentação e arquivos pessoais, os impactos do autoritarismo sobre cientistas brasileiros que foram aposentados compulsoriamente, cassados e perseguidos e tiveram que se exilar depois do golpe de 1964 e sobre a sua própria prática científica. Nesse subprojeto são analisados dois grupos de cientistas exilados. Os cientistas do Instituto Oswaldo Cruz que, depois da cassação e perda de direitos políticos em abril de 1970, foram para o exílio e trabalharam em universidades e centros de pesquisa no exterior. Por conta da pandemia que impediu o acesso aos arquivos, será retomada uma parte da pesquisa que foi suspensa em março de 2020: A comparação do exílio dos cientistas do IOC com a experiência de exílio dos cientistas no imediato pós-golpe de 1964 tendo como foco o grupo de professores e assistentes vinculados à parasitologia médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, alguns dos quais se exilaram depois da decretação do AI-5 em dezembro de 1968. Para esse empreendimento, os principais arquivos pesquisados serão os de Haity Moussatché e de Erney Plesmann Camargo que contêm volume considerável de cartas e estão depositados no Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz. As cartas trocadas entre cientistas e intelectuais tem o potencial de compreensão da especificidade do exílio do cientista na América Latina da Guerra Fria e revelar as redes de sociabilidade que os envolviam nessa experiência de desterro. Com a reabertura do acesso aos arquivos, serão pesquisados também os chamados “arquivos da repressão”, isto é, os arquivos dos antigos Departamentos Estaduais de Ordem Política e Social (Deops) depositados no Arquivo Público do Estado de São Paulo (Apesp) e no Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (Aperj) e o arquivo do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) depositados no Arquivo Nacional. O arquivo do CPDOC/FGV e as bases da Hemeroteca Digital Brasileira serão consultados.
Palavras-chaves:EXÍLIO; CIÊNCIAS BIOMÉDICAS; DITADURA; INSTITUTO OSWALDO CRUZ; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOGUERRA FRIASAÚDECIÊNCIACOMUNISMORELAÇÕES INTERNACIONAIS Área de conhecimento (CNPq): História Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 23.1. História das instituições, idéias, grupos e trajetórias científicas