AVALIAÇÃO COMPARATIVA DA RESPOSTA IMUNE INICIAL NA INFECÇÃO POR L. braziliensis E L. amazonensis UTILIZANDO O SISTEMA DE “PRIMING IN VITRO” COM CÉLULAS HUMANAS.voltar para a edição atual

Luane Rocha Maciel

Sob orientação de Paula Mello De Luca e PAULO RENATO ZUQUIM ANTAS
As Leishmanioses são um grupo de doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania, transmitidas ao hospedeiro vertebrado pela picada de fêmeas hematófagas de insetos da subfamília dos Flebotomíneos. A leishmaniose tegumentar americana (LTA) apresenta um espectro de manifestações clínicas, variando desde lesões cutâneas autolimitadas e com tendência a cura espontânea (forma cutânea localizada) até quadros de lesões graves, crônicas e desfigurantes, que caracterizam as leishmanioses cutânea difusa (LCD) e mucocutânea (LM). No Brasil as três principais espécies causadoras da LTA são: Leishmania braziliensis, Leishmania guyanensis e Leishmania amazonensis. A L. braziliensis é a espécie mais frequente e encontrada em todo o território brasileiro e está envolvida com o desenvolvimento LM, enquanto L. amazonensis é a principal espécie causadora da LCD. Os pacientes com LCD são frequentemente resistentes à quimioterapia e apresentam supressão da resposta imune celular específica, já tendo sido relatado que indivíduos infectados com parasitas do subgênero Viannia (como L. braziliensis) apresentam respostas de células T Leishmania específica mais intensas do que pacientes infectados por L. amazonensis. Além disso, pacientes infectados com L. amazonensis apresentam respostas mais fortes “in vitro” a antígenos brutos de promastigotas de L. braziliensis do que de L. amazonensis, antes e após a terapia. Em um trabalho recente do nosso grupo (Macedo et al 2012), demonstramos que antígenos de subgêneros diferentes de Leishmania induzem uma qualidade de resposta imune do tipo Th1 distinta em cultura de células de pacientes curados da forma cutânea localizada causada por L. braziliensis. As diferenças encontradas sugerem que a qualidade da resposta Th1 induzida pelo antígeno total de L. amazonensis pode estar envolvida com os mecanismos imunes responsáveis pela susceptibilidade a esta espécie do parasita, observada em humanos e modelos experimentais. Apesar de amplamente utilizado e contribuir de forma constante no entendimento da resposta imune desencadeada após a infecção por Leishmania, o modelo murino possui limitações quando seus resultados são transportados e aplicados na doença humana, especialmente na LTA, devido a sua baixa infectivadade para L. braziliensis e elevada susceptibilidade para L amazonensis. Sabendo que os eventos iniciais de interação do parasita com o hospedeiro possuem papel fundamental no desfecho da doença clínica e que os estudos no modelo murino possuem suas limitações, torna-se imprescindível a avaliação da resposta desencadeada após a interação inicial Leishmania/hospedeiro em humanos. Na Leishmaniose humana estes eventos iniciais não podem ser avaliados “in vivo”, devido a impossibilidade de se estimar o momento exato de início da infecção e à restrições éticas. O sistema de “priming in vitro” surge como uma alternativa para se avaliar a resposta imune celular específica inicial desencadeada na infecção humana, utilizando células de indivíduos normais sem história de infecção prévia pelo parasito. O presente projeto objetiva avaliar comparativamente a resposta celular induzida por diferentes cepas de promastigotas infectantes de L. braziliensis e L. amazonensis em culturas de células de um mesmo indivíduo sadio, auxiliando no entendimento da modulação na resposta do hospedeiro desempenhada por cada espécie ou cepa do parasito.
Palavras-chaves:LEISHMANIOSEIMUNOPATOLOGIAPRIMING IN VITROCITOMETRIA DE FLUXOL AMAZONENSISL. BRAZILIENSISL. INFANTUM. L. MAJORLEISHMANIOSESL. AMAZONENSISL. MAJORL. INFANTUM“PRIMING IN VITRO”IMUNIDADE CELULARMEMÓRIA Área de conhecimento (CNPq): Parasitologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 4.5. Imunopatologia e resposta imunológica nas infecções parasitológicas