JOAQUIM VENÂNCIO FERNANDES: O PAPEL DOS TÉCNICOS DA FIOCRUZ NAS RELAÇÕES DE TRABALHO DO PÓS-ABOLIÇÃOvoltar para a edição atual

Ana Karina Cordeiro Alves Sorrentino

Sob orientação de Renata Reis Cornelio Batistella
Justificativa O tema da pesquisa é a trajetória de vida de Joaquim Venâncio Fernandes e dois de seus familiares, seus sobrinhos Venâncio Bonfim e Sebastião Patrocínio, auxiliares de laboratório que atuaram nas primeiras décadas do século XX, na gênese da Fundação Oswaldo Cruz. Joaquim Venâncio é o patrono da EPSJV e um dos mais reconhecidos auxiliares de laboratório da história institucional da Fiocruz, no entanto ainda pairam diversas lacunas sob sua biografia, especialmente no que diz respeito ao período anterior de seu ingresso no Instituto Oswaldo Cruz. O estudo pretende aprofundar, através da pesquisa e análise de fontes documentais ainda não exploradas, as mediações e atravessamentos das relações de trabalho no período do pós-abolição, a partir dos debates da historiografia que tem buscado compreender a contribuição dos trabalhadores negros para a formação da classe trabalhadora brasileira, no sentido de evitar o que Nascimento (2016) denomina de “paradigma da ausência”, desconsiderando a questão racial quando se pensa sobre o mundo do trabalho no Brasil. Nesse sentido, o presente projeto pretende colaborar com os desdobramentos da pesquisa sobre as relações de trabalho no Instituto Oswaldo Cruz (REIS, 2018) buscando explorar caminhos ainda desconhecidos e desta forma, contribuir para o acervo da exposição “Manguinhos de Muitas Memórias: histórias dos trabalhadores técnicos da Fiocruz”. Objetivos A. Participar dos processos empíricos que envolvem a descrição e análise das trajetórias de vida e trabalho de três personagens da história da Fiocruz. B. Conhecer melhor a História do pós-abolição no Brasil e sua materialidade nas relações de trabalho nas décadas iniciais do século XX Metodologia Como metodologia de análise, a pesquisa se desenvolverá a partir de fontes documentais disponíveis em arquivos de acesso, nas quais vale citar: os Arquivos da Casa de Oswaldo Cruz, o Museu Nacional, o Arquivo Público Mineiro, o Arquivo Público Municipal de Juiz de Fora e o Instituto Adolpho Lutz. Também será preciso analisar as fontes familiares de Sebastião Patrocínio e Venâncio Bonfim. Serão feitas algumas entrevistas com os descendentes de Sebastião Patrocínio e Venâncio Bonfim, com o intuito de utilizar a perspectiva da história oral, como também da história vista de baixo. O método visa a análise de testemunhos que não estão presentes no discurso oficial da Instituição, dando margem a novas concepções e pontos de vista, antes silenciados, acerca da biografia dos três personagens apontados. Referências Bibliográficas: REIS, Renata. A “Grande Família” do Instituto Oswaldo Cruz: a contribuição dos trabalhadores auxiliares dos cientistas no início do século XX. Tese (Doutorado) – Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Educação, 2018. BURKER, Peter. A Escrita da história: novas perspectivas. In: Sharpe, Jim. A história vista de baixo. Editora da Universidade Estadual Paulista: São Paulo, 1992. GOLDMACHER, Marcela; MATTOS, Marcelo Badaró; TERRA, Paulo Cruz. Faces do trabalho: escravizados e livres. Editora da Universidade Federal Fluminense: Rio de Janeiro, 2010. NASCIMENTO, Álvaro Pereira. Trabalhadores negros e o “paradigma da ausência”: contribuições à História Social do Trabalho no Brasil. Estud. Hist. (Rio J.) [online]. 2016, vol.29, n.59, pp.607-626. MATTOS, Marcelo Badaró. O sindicalismo brasileiro após 1930. Jorge Zahar Ed: Rio de Janeiro, 2003.
Área de conhecimento (CNPq): História Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 23.11. Saúde, escravidão e relações raciais