Avaliação da transmissão vertical em amostras de mosquitos alimentados artificialmente com os vírus Zika e Chikungunya voltar para a edição atual

MARIA JULIA BRITO COUTO

Sob orientação de Constância Flavia Junqueira Ayres Lopes e Duschinka Ribeiro Duarte Guedes
Título: Avaliação da transmissão vertical em amostras de mosquitos alimentados artificialmente com os vírus Zika e Chikungunya Bolsista: Maria Julia Brito Couto Orientadora: Dra. Constância Flávia Junqueira Ayres Co-orientadores: Duschinka Ribeiro D. Guedes e Marcelo Henrique S. Paiva RESUMO RAIC Mais de 130 arbovírus pertencentes às famílias Togaviridae, Flaviviridae, Bunyaviridae, Reoviridae, e Orthomyxoviridae podem causar doenças em humanos. Dentre essas famílias de vírus, destacam-se Togaviridae (Chikungunya - CHIKV) e Flaviviridae (Zika - ZIKV e Dengue- DENV). Dentre estes, a dengue é considerada a mais importante doença viral transmitida por mosquitos em humanos no mundo. Esses arbovírus são transmitidos primariamente por mosquitos do gênero Aedes spp., como Aedes aegypti e Aedes albopictus. Além destes, foi demonstrado recentemente que Culex quinquefasciatus também é capaz de replicar o vírus Zika, podendo atuar no ciclo de transmissão da doença. Como o controle de vetores é a principal forma de prevenir essas doenças, a compreensão de alguns aspectos da biologia é importante para que as medidas de controle sejam aplicadas de forma mais eficiente. A transmissão transovariana (TT) ou vertical é um dos mecanismos que podem favorecer a manutenção dos arbovírus durante os períodos epidêmicos e inter-epidêmicos. Apesar de a TT ser bastante estudada e bem estabelecida para DENV, para CHIKV e ZIKV os estudos são poucos e os resultados ainda são conflitantes. Diante do exposto, este projeto tem como objetivo estudar a TT de CHIKV e ZIKV em populações de Aedes spp e Cx. quinquefasciatus em laboratório. Além disso, este trabalho também teve como objetivo avaliar a transmissão vertical de ZIKV, CHIKV e DENV em mosquitos coletados de campo. Entre 2016 e 2018, mosquitos das espécies Aedes aegypti e Cx. quinquefasciatus foram coletados em campo e levados ao laboratório de Entomologia do Instituto Aggeu Magalhães, onde foram separados por localidade, espécie e gênero. As amostras (apenas os machos) foram armazenadas em pools de até 10 espécimes que foram posteriormente submetidos à extração de RNA e reações de RT-qPCR multiplex em tempo real para a detecção de DENV, ZIKV e CHIKV. Para ZIKV, em 2016, 24 pools de Cx. quinquefasciatus foram positivos (total de 379 pools), enquanto que, em Ae. aegypti, 17 estavam positivos (total de 117 pools). Em 2017, 14 pools de Cx. quinquefasciatus estavam positivos (total de 50 pools), enquanto que, em Ae. aegypti, 5 pools foram positivos (total de 26 pools). Já em 2018, foram 13 pools de Cx. quinquefasciatus positivos (total de 151 pools), e 10 pools positivos de Ae. Aegypti (total de 47). Para DENV e CHIKV, nos três anos de estudo, todas as amostras foram negativas. Os resultados sugerem que a TT natural (em mosquitos de campo) de ZIKV também é um evento frequente, assim como DENV. Os nossos dados reforçam a importância de estudar mais sobre a dinâmica de transmissão de ZIKV que dependem, dentre outros fatores, do vírus, da população vetora e condições ambientais. Após a interrupção temporária do projeto em razão das medidas de isolamento adotadas no cenário de pandemia da COVID-19, a próxima etapa é avaliar a TT sob condições controladas em laboratório. Essa proposta é de extrema relevância, uma vez que a compreensão da dinâmica de transmissão desses novos arbovírus é urgente e necessária para que possamos ser eficientes na redução do grande impacto provocado por eles.
Palavras-chaves:ARBOVÍRUSCOMPETÊNCIA VETORIALMOSQUITOS Área de conhecimento (CNPq): Parasitologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 1.3. Interações celulares e moleculares do patógeno-vetor