MAPEAMENTO E AVALIAÇÃO DA TENDÊNCIA TEMPORAL DA COBERTURA VACINAL INFANTIL NAS CAPITAIS BRASILEIRAS E AVALIAÇÃO INTRAMUNICIPAL EM BELO HORIZONTE SEGUNDO DADOS DO PLANO NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES voltar para a edição atual

Mateus Henrique Silva Alves

Sob orientação de Taynana Cesar Simoes
O Brasil vem mostrando queda importante da cobertura vacinal dos imunobiológicos contemplados no calendário básico infantil. Esta queda pode ter impactos significativos na Saúde Pública do país, resultando no retorno e fortalecimento de algumas doenças imunopreveníveis de importante impacto na morbimortalidade de crianças. A cobertura vacinal é expressa como a proporção de pessoas de um grupo-alvo que foram vacinadas contra determinada doença ou grupo de doenças imunopreveníveis, medindo a capacidade de um serviço em atingir determinada meta de vacinação. No entanto, ocorre de forma heterogênea no território brasileiro e se distingue ao longo do tempo entre os imunobiológicos. Identificar as particularidades do território é importante na avaliação das quedas vacinais, a fim de dar base a ações diferenciadas do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Desta forma, o intuito deste estudo é iniciar a descrição e análise de cobertura vacinal infantil, caracterizando sua distribuição nas capitais brasileiras ao longo do tempo, e avaliando a mudança na distribuição espacial da cobertura no período de 2010 a 2020, segundo dados oficiais do PNI. Além disso, com foco no município de Belo Horizonte, espera-se avaliar a heterogeneidade da situação vacinal ao nível intramunicipal. Foram avaliadas as desigualdades temporal e espacial na cobertura e doses aplicadas de 14 vacinas do calendário infantil (relativas a BCG, Hepatite B, Poliomielite, Pentavalente, Rotavírus humano, Febre amarela, Meningococo conjugada C, Pneumococo conjugado 10 valente, Influenza, Hepatite A, Tríplice viral, Varicela e reforços para DPT e Poliomielite), entre as capitais brasileiras e nas Áreas Administrativas do município de Belo Horizonte, no período de 2010 a 2021, segundo os indicadores obtidos do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). Como ferramentas analíticas, foram utilizados gráficos descritivos das séries históricas de cobertura e número de doses aplicadas, além do mapeamento desses indicadores ao longo do período de análise. As análises temporal e espacial serão ainda futuramente exploradas através de modelos estatísticos como os Modelos Aditivos Generalizados (Modelos GAM) e Modelos Autorregressivos Condicionais (Modelos CAR). As análises foram feitas no software estatístico R e mapeamento no software de geoprocessamento QGis. Resultados preliminares mostram uma queda importante na cobertura vacinal para todos os imunobiológicos do calendário básico infantil oferecidos pelo SUS a partir de 2015, e na maioria dos casos, abaixo da cobertura mínima preconizada pelo Ministério da Saúde. Esta queda não ocorre da mesma maneira no território brasileiro, sendo aparentemente menor entre as Unidades Federadas das Regiões Norte e Nordeste nos anos mais recentes, em particular, anos pós-pandemia de COVID-19. Para todo o Brasil, destacam-se queda percentual de 46,3% para BCG no período de 2010 a 2021, e de 43,5% para o reforço de Poliomielite. Todas as vacinas estiveram abaixo da cobertura mínima preconizada pelo Ministério da Saúde, verificando-se uma diferença percentual em relação a meta, variando de 10,5% para o reforço da Tríplice bacteriana (contra Difteria, Tétano, Coqueluche) a 45,6% para o reforço de Poliomielite. Algumas vacinas, embora tenham apresentado menor queda no período, a exemplo da vacina contra Hepatite A com queda de 4,5% entre 2010 e 2021, apresentaram grandes diferenças percentuais em relação à cobertura mínima preconizada (Hepatite A = -39,4%). A análise espaço-temporal das coberturas vacinais do calendário infantil pode dar base para ações diferenciadas da vigilância epidemiológica e do PNI em regiões de menor cobertura no território brasileiro.
Palavras-chaves: Área de conhecimento (CNPq): Imunologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 15.1. Modelagem estatística, matemática e computacional aplicadas à saúde