ANÁLISE DE CUSTOS DIRETOS DE TESTES PARA O DIAGNÓSTICO DA COVID-19 NO BRASILvoltar para a edição atual

FLAVIA NUNES ZEFERINO

Sob orientação de Mariana Lourenço Freire e Glaucia Fernandes Cota
A pandemia relacionada à COVID-19 trouxe grandes desafios, que impactaram de forma desigual os países e toda a população mundial. Embora a drástica redução da doença observada com a vacinação em massa da população, acredita-se que a disseminação de SARS-COV-2 não esteja próxima de acabar, e que o mundo provavelmente conviverá com a COVID-19 e consequentemente com as medidas necessárias para sua contenção e prevenção, por um longo período. Neste cenário, a disponibilização de técnicas que possibilitem o diagnóstico rápido é essencial, não apenas para prolongar a sobrevida dos pacientes, mas também como medida de contenção da doença na população. Diferentemente da reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR), que exige logística complexa, insumos e horas a dias até o resultado, a detecção de antígenos virais através de testes rápidos (Ag-TR), pode representar uma importante ferramentas, seja na triagem em serviços de urgência, seja para a decisão rápida de medidas de isolamento, uma vez que não requerem a experiência técnica e a infra-estrutura laboratorial como a RT-PCR. A partir de 2011 no Brasil, com a criação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CONITEC), passaram a ser exigidas análises de custo-efetividade, além de evidências de eficácia e segurança para incorporação de novas tecnologias em saúde no Sistema Único de Saúde (SUS). Desta forma, neste trabalho está sendo realizada uma avaliação econômica parcial, através da estimativa dos custos diretos dos testes para o diagnóstico da COVID-19. Inicialmente foram incluídos os testes rápidos de detecção de antígeno previamente validados em estudo anterior realizado pelo grupo (Freire et al., 2022 em fase de publicação). Os custos diretos foram estimados pela técnica de microcusteio, estimativa de custo que envolve a enumeração direta e o custo de cada insumo necessário para determinada intervenção em saúde. Desta forma, foi realizado o levantamento de todos os insumos, bens e serviços consumidos para realização das diferentes estratégias diagnósticas, até a obtenção do resultado, tais como: testes diagnósticos; remuneração do profissional; materiais de segurança; materiais de consumo; manutenção e calibração de equipamentos. Os custos unitários dos testes foram obtidos por cotações realizadas com os fabricantes/distribuidores dos diferentes testes diagnósticos, a remuneração dos profissionais de saúde foi obtida da Tabela de Remunerações vigente da Prefeitura de Belo Horizonte, Minas Gerais. O custo dos materiais de segurança foi obtido no Banco de Preços em Saúde do Ministério da Saúde. Até o momento foi estimado o custo direto dos seguintes testes: CORIS Bioconcept COVID-19 Ag Respi-Strip (Nanosens); CELLER WONDFO SARSCOV2 Ag Rapid Test (Celer Biotecnologia); Teste Rápido do Antígeno da COVID-19 (Magnum Import); COVID-19 Ag ECO Teste (Eco Diagnostica Ltda). Os custos diretos variaram de 21,53 a 22,64, observando uma pequena variação entre os fabricantes, ressalta-se ainda que grande parte do custo direto envolvido na realização dos testes imunocromatograficos estão relacionados ao preço unitário de cada teste, variável de 75,5% a 53%. Com a finalização das análises de custo direto será possível conduzir análises de custo-efetividade fornecendo informações que possam auxiliar gestores de saúde em todo o Brasil, na utilização racional de testes diagnóstico rápidos de detecção de antígeno para o diagnóstico de COVID-19 em diferentes cenários de prevalência da doença.
Área de conhecimento (CNPq): Medicina Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 20.4. Eficiência, efetividade, eficácia e qualidade das intervenções e tecnologias em saúde