Octávio Domingues, cientista, leitor de Machado de Assis: a defesa da miscigenação por meio da literaturavoltar para a edição atual

Lucas Gabriel Candido de Jesus

Sob orientação de ROBERT WEGNER
Justificativa O subprojeto pretende explorar a perspectiva pró-miscigenação do professor de agricultura Octávio Domingues (1897-1972) a partir da sua admiração por Machado de Assis. O geneticista publicou artigos tanto sobre a vida do escritor, quanto sobre as suas obras, a partir de uma perspectiva eugênica, religiosa e filosófica. Por meio desses textos, publicados em jornais e em forma de livro, Domingues defende a mestiçagem, uma vez que Machado Assis era entendido como um exemplo do benefício biológico da mistura racial que, conforme era enfatizado nas décadas de 1930 e 1940, caracterizava a população brasileira. Relevância Os textos sobre Machado de Assis podem fornecer dados relevantes para entender se a perspectiva de Octávio Domingues pró-mestiçagem pode ser entendida como uma visão de combate ao racismo, já que ser favorável à mistura racial não é necessariamente sinônimo de combate ao racismo. Consideramos que, uma vez analisados no quadro mais amplo de produção de Octávio Domingues sobre genética, eugenia e agricultura, seus textos sobre Machado de Assis podem ajudar a compreender, com mais profundidade, qual é o entendimento do autor em relação à mistura racial. Além de compreender a visão de Octávio Domingues em relação às áreas de estudo do autor e da sua perspectiva em relação à mistura racial, será possível verificar como o contexto do debate racial da primeira metade do século XX influenciou o zootecnista e seu pensamento. Foi possível verificar que o eugenista estava atualizado sobre o debate da época e compartilhava ideias semelhantes a autores clássicos do pensamento social brasileiro e influentes no debate racial, como Gilberto Freyre. Objetivos • Analisar os textos de Octávio Domingues sobre Machado de Assis e suas obras; • Discutir a postura pró-miscigenação de Octávio Domingues no contexto do debate racial na primeira metade do século XX; • Verificar como o contexto dos estudos raciais influenciaram Octávio Domingues e sua interpretação sobre a miscigenação e o racismo no Brasil; Metodologia Foi concluído o levantamento e a leitura da produção de Octávio Domingues em jornais e revistas, a partir de extensiva pesquisa na Hemeroteca da Biblioteca Nacional, com o objetivo de compreender suas concepções teóricas, sua perspectiva acerca da miscigenação racial sob pressuposto eugênico e sua trajetória profissional. Daqui para frente, serão privilegiados e merecerão uma análise intensiva seus textos sobre Machado de Assis. Por meio dessa análise pretende-se compreender com mais profundidade sua defesa da miscigenação, que é feita por Domingues tanto a partir da vida do escritor, quanto pela análise das suas obras, como Dom Casmurro. Referências Bibliográficas DOMINGUES, Octavio. A concepção hereditária de Dom Casmurro. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 1941. DOMINGUES, Octávio. O Povoamento do Brasil. Diario de Noticias. v. 3174, n. 1, p. 17-18, abr. 1937. DOMINGUES, Octávio. Porque Escrevi sobre o Zebú. Diario de Noticias, v. 5170, n. 1, p. 12-13, set. 1939. DOMINGUES, Octávio. A Hereditariedade em Face da Educação. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1929. NOGUEIRA, Oracy. Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem: sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil. Tempo social. 2007, v.19, n.1, p.287-308. mar. 2007. WEGNER, Robert. Dois geneticistas e a miscigenação. Octavio Domingues e Salvador de Toledo Piza no movimento eugenista brasileiro (1929-1933). Varia Historia v. 33, p. 79-107, 2017.
Palavras-chaves:GENÉTICAINSTITUIÇÕES DE PESQUISAEUGENIAMISCIGENAÇÃOAGRICULTURA Área de conhecimento (CNPq): História Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 23.2. Estudos históricos e sociais da ciência e da tecnologia