Maus-tratos durante o parto e suas associações com o aleitamento materno: um inquérito de base hospitalar.voltar para a edição atual

RAFAELLE MENDES DA COSTA

Sob orientação de MARIA DO CARMO LEAL
ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SERGIO AROUCA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ PROGRAMA PIBIC SUBPROJETO DO BOLSISTA Maus-tratos durante o parto e suas associações com o aleitamento materno: um inquérito de base hospitalar. Aluna: Rafaela Mendes da Costa Orientadora: Maria do Carmo Leal Coorientadora: Tatiana Henriques Leite 1. IDENTIFICAÇÃO DO TRABALHO Título: Maus-tratos durante o parto e suas associações com o aleitamento materno um inquérito de base hospitalar. Aluno candidato a bolsa: Rafaela Mendes da costa Curso: Saúde Coletiva Universidade: UFRJ Período: 12 Unidade: Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca Instituição: Fundação Oswaldo Cruz Orientadora: Maria do Carmo Leal Cargo: Pesquisador Titular em Saúde Pública Departamento: Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde Coorientadora: Tatiana Henriques Leite Cargo: Professora adjunta Departamento: Instituto de Medicina Social Hésio Cordeiro – UERJ 2. Justificativa e Relevância Publicações recentes têm mostrado que muitas mulheres no mundo são vítimas de maus tratos, desrespeito, abusos e negligência durante a gestação, parto e puerpério, sendo o parto o momento mais crítico. Na América Latina, tem sido utilizado o termo “violência obstétrica” para caracterizar o conjunto desses atos. No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) propõe mais recentemente o termo “Mistreatment of women during the process of childbirth”, expressão utilizada nessa publicação. No Brasil, dois grandes estudos investigaram a prevalência de maus-tratos considerando o último parto. O primeiro, de base hospitalar estimou que no total, 44% das mulheres (45% no setor público e 30,2% no privado) sofrem algum tipo de maltrato durante a internação para o parto (2) . O segundo estudo, de base populacional, foi realizado em Pelotas com os dados da linha de base da coorte de Pelotas – 2015. Essa pesquisa reportou que 18,3% das mulheres relataram algum tipo de desrespeito ou abuso (3). Apesar da alta prevalência de maus-tratos no momento do nascimento no Brasil e também em outros países no mundo, há poucos estudos explorando as consequências desses atos na saúde da mulher e do recém-nascido. No melhor do conhecimento dos autores, não há nenhuma pesquisa epidemiológica que tenha investigado a associação entre maus tratos no parto e suas associações com a amamentação, sendo este, um importante gap da literatura. 3. Objetivo Investigar a associação entre os maus –tratos durante a internação para o parto com o aleitamento materno na maternidade e até dois meses após o parto. 4. Método O “Nascer no Brasil” é um inquérito nacional de base hospitalar, composto por puérperas e seus recém-nascidos, realizado no período de fevereiro de 2011 a outubro de 2012. Com o objetivo de mensurar os maus-tratos durante o trabalho de parto e nascimento foram feitas sete perguntas (indicadores) para as puérperas em um questionário preenchido entre quarenta e três dias e seis meses após o parto por telefone. Através dessas perguntas, as mulheres relataram atos de violência física ou psicológica, tratamento desrespeitoso, falta de informação, privacidade e comunicação com a equipe de saúde, impossibilidade de fazer perguntas e perda de autonomia. As perguntas sobre aleitamento materno foram realizadas por telefone entre 43 e 60 dias após o parto. Será utilizado dois desfechos para aleitamento materno. O primeiro, refere-se à amamentação exclusiva na alta da maternidade e o segundo desfecho, refere-se à amamentação exclusiva entre 43 e 60 dias após o parto. Análises descritivas e bivariadas serão realizadas estratificadas pela via de parto, considerando todos os nascimentos. Para comparar frequências, será utilizado o teste qui-quadrado. Essas análises serão realizadas em Stata (4). A modelagem principal será feita através de modelos de equação estrutural em Mplus (5). A equação estrutural é composta por um modelo de medida associado a um modelo estrutural. Essa forma de análise é vantajosa pois é possível considerar os erros de medida nas estimações de interesse central, modelar simultaneamente variáveis dependentes, testar ajustes globais, avaliar efeitos totais, diretos e indiretos, entre outras possibilidades. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/Fiocruz (CAAE 0096.0.031.000-10). 6 Referências 1. Savage V, Castro A. Measuring mistreatment of women during childbirth: A review of terminology and methodological approaches Prof. Suellen Miller. Reproductive Health. 2017;14(1):1-27. 2. Leite TH, Pereira APE, Leal MDC, da Silva AAM. Disrespect and abuse towards women during childbirth and postpartum depression: findings from Birth in Brazil Study. Journal of affective disorders. 2020 Aug 1;273:391-401. PubMed PMID: 32560934. pesquisa nacional Nascer no Brasil. Cadernos de saude publica. 2014;30(suppl 1):S140-S53. 3. Mesenburg MA, Victora CG, Jacob Serruya S, Ponce De León R, Damaso AH, Domingues MR, et al. Disrespect and abuse of women during the process of childbirth in the 2015 Pelotas birth cohort Prof. Suellen Miller. Reproductive Health. 2018;15(1):1-8. 4. Stata Statistical Software S. Release 14: College Station (TX): Stata Corporation.; 2016. 5. Muthén LK, BO. M. Mplus 8. In: edn t, editor. Los Angeles2018.
Palavras-chaves:CESÁREAÓBITO NEONATALPREMATURIDADEBAIXO PESO AO NASCERMORBIDADE RESPIRATÓRIA DA RECÉM-NATOUTI NEONATALMORBIDADE MATERNA NEAR MISSDESCONFORTO PÓS-PARTOALEITAMENTO MATERNOPUERPÉRIOBOAS PRÁTICASINTERVENÇÕES DESNECESSÁRIAS Área de conhecimento (CNPq): Saúde Coletiva Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 13.3. Agravos relacionados à gestação, parto e nascimento, gestação de alto-risco e medicina fetal, toxicologia fetal