Avaliação do efeito da vacina BCG no adoecimento por COVID-19 em contatos de hanseníase.voltar para a edição atual

MARAYAH SAMPAIO RUAS DA FONSECA

Sob orientação de XIMENA ILLARRAMENDI ROJAS
Dados da literatura indicam que o uso da imunoprofilaxia com BCG (Bacillus Calmette- Guérin), constituída pelo patógeno vivo atenuado Mycobacterium bovis, e utilizada como medida profilática contra as formas graves da tuberculose e hanseníase, apresenta também efeito imunomodulador e características protetoras contra outras infecções, dentre elas, infecções virais. A vacina BCG induz imunidade treinada por células imunes inatas que garante memória na resposta imunológica inespecífica heteróloga limitada no período de 3 meses até 1 ano. Estudos observacionais apontaram que a COVID-19 em países que possuem a vacina BCG como política de vacinação apresentou baixa incidência quando comparado a países sem essa política vacinal, correlacionando essa baixa incidência a hipóteses de proteção contra a doença. Um dos pilares da detecção precoce na hanseníase é o exame de contatos de pessoas acometidas pela doença. As normas brasileiras recomendam o exame dos contatos intradomiciliares de todos os casos novos de hanseníase detectados e a aplicação da vacina BCG intradérmica, como importante medida preventiva (SVS, 2016). O Ambulatório Souza Araújo (ASA), Unidade de Referência em Hanseníase da Fiocruz no Rio de Janeiro, tem uma experiência de mais de 25 anos no acompanhamento de contatos e no uso da imunoprofilaxia com BCG na rotina do programa de vigilância de contatos. Assim, propomos estudo primário observacional quantitativo analítico de corte transversal para comparar a incidência de COVID-19 em contatos de pessoas acometidas por hanseníase que receberam ou não a vacina BCG como medida de imunoprofilaxia da hanseníase estudar os problemas de saúde persistentes após a COVID-19 nesses contatos. Os contatos incluídos após o processo de consentimento/assentimento e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ou Termo de Assentimento (TA), passarão por uma entrevista com questionários sobre sinais e sintomas da hanseníase, já feito de rotina na vigilância de contatos, e da COVID-19, além de perguntas sobre sua condição socioeconômica e histórico de vacinação com a BCG. Se eles referirem ter apresentado sinais e sintomas de COVID-19, eles serão convidados a comparecerem para realizar teste rápido confirmatório da presença de anticorpos contra SARS-CoV-2. Devido a possibilidade das pessoas previamente infectadas com SARS-CoV-2, apresentarem testes negativos para presença de antígenos ou anticorpos específicos, será solicitado aos contatos enviarem o laudo caso tenha confirmação de infecção pelo novo coronavirus. Será criado banco de dados específico utilizando o programa RedCap®. Será realizada estatística descritiva e inferencial, análise univariada para verificar a distribuição dos contatos segundo as variáveis sociodemográficas e clínicas. Será calculada a incidência e a razão de chances para estimar a magnitude da associação entre a ocorrência de COVID-19 entre os contatos que foram vacinados ou não com a BCG. Para essas análises será adotado o nível de 95% de confiança para as estimativas.
Palavras-chaves:IMUNOPROFILAXIACOVID-19HANSENÍASE Área de conhecimento (CNPq): Saúde Coletiva Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 11.7. Estudos de coortes em doenças infecciosas ou doenças crônicas não-transmissíveis