Influência das monoaminoxidases e transportadores de dopamina no comportamento agressivo induzido pelo estresse nos camundongos Swiss Webster.voltar para a edição atual

Victória Liger Ozório

Sob orientação de VIVIANE MUNIZ DA SILVA FRAGOSO e GABRIEL MELO DE OLIVEIRA
A agressão é definida como um ato que um indivíduo prejudica ou lesa outro(s) de sua própria espécie de forma intencional, sendo uma das causas a presença de transtornos psiquiátricos. Quando a agressão se apresenta de forma exacerbada e constante pode ser considerada patológica, e decorrente de um alto nível de estresse. Utilizando o Modelo Espontâneo de Agressividade (MEA) observamos que alguns indivíduos machos adultos da linhagem Swiss Webster, quando reagrupados, apresentam comportamento altamente agressivo após sofrerem o estresse do reagrupamento. Em estudos prévios observamos um aumento dos níveis de dopamina no córtex pré-frontal dos animais agressores do MEA, e nenhum aumento nos níveis de cortisol nesses animais, sugerindo uma redução na capacidade de desenvolver uma resposta adaptativa ao estresse social provocado pelo reagrupamento. Uma redução do comportamento agressivo após o tratamento com antipsicóticos de uso clínico (haloperidol e risperidona) também foi observado nesses animais, reforçando a influência da dopamina no comportamento agressivo dos animais sob estresse. Além disso mostramos que os níveis do receptor dopaminérgico D1 estão diminuídos nos camundongos altamente agressivos e sugerimos que o aumento de dopamina na fenda sináptica pode ser devido a alterações no transportador de dopamina (DAT) e na enzima monoaminoxidase (MAO). Já foi demonstrado que alterações no transportador de dopamina (DAT) estão presentes em camundongos com deficiência cognitiva e hiperatividade no córtex pré-frontal, e a diminuição na expressão da monoaminoxidase resulta em uma menor ação do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA) em resposta ao estresse. Sendo assim, iremos investigar se há alterações na MAOA, MAOB e DAT nas regiões cerebrais do córtex pré-frontal, amígdala, hipocampo, hipotálamo e hipófise entre os camundongos Swiss Webster submetidos ao MEA. A primeira etapa da pesquisa será aplicar o modelo espontâneo de agressividade. Camundongos machos da linhagem Swiss webster (n = 30), com 3 semanas de vida, serão requisitados ao Centro Multidisciplinar para Investigação Biológica na Área da Ciência em Animais de Laboratório – CEMIB da UNICAMP. Ao recebermos os animais será realizada a identificação individual (C1 a C5) e agrupados aleatoriamente em 6 grupos (A1 a A6). Na 4ª, 6ª e 8ª semanas de vida, realizaremos o Teste de Suspensão da Cauda (TSC), Etograma e Padrão de Comportamento Agressivo (PCA). Na 10ª semana de vida, será realizada a classificação dos animais de acordo com o TSC, seguido do reagrupamento desses animais, em 5 caixas (R1 a R5) contendo 5 animais em cada, utilizando como critério de escolha para composição do grupo: 1 indivíduo Hiper, 1 indivíduo Hipo e 3 animais Med. Uma gaiola, contendo 5 animais, não será reagrupada (NR), tornando-se nosso controle negativo. Na 12ª, 14ª e 16ª semanas de vida, os testes de etograma e padrão de comportamento agressivo serão repetidos, e os animais serão categorizados em Harmônicos (Har), indivíduos que apresentaram convívio harmônico e sem lesões corporais, tornando-se nosso controle positivo; Agredidos (AgD), animais que apresentam lesões corporais decorrentes de brigas, lutas e agressões; e Agressores (AgR), indivíduos que apresentam alta agressividade em relação aos outros indivíduos do grupo, possibilitando a reprodutibilidade do comportamento agressivo entre os animais. Após a categorização, os animais serão eutanasiados e amostras do tecido cerebral serão coletados para as análises de MAO e DAT por Western Blot. Em seguida, análise estatística dos resultados serão realizadas. Todos os procedimentos experimentais foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais do Instituto Oswaldo Cruz (CEUA/IOC) sob a licença número (L-032/2019-A1) de acordo com a Legislação brasileira e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONCEA).
Área de conhecimento (CNPq): Bioquímica Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 6.1. Desenvolvimento e estudo de modelos para doenças metabólicas, não-transmissíveis e distúrbios imunológicos