Exposição de equinos ao vírus da Hepatite E (genótipo zoonótico)voltar para a edição atual

ALDALEIA DO NASCIMENTO E SILVA

Sob orientação de ANDREZA SORIANO FIGUEIREDO NUNES e JAQUELINE MENDES DE OLIVEIRA
A infecção pelo vírus da Hepatite E (HEV) é uma importante causa de hepatite aguda no mundo. A transmissão do genótipo zoonótico (gt3) ao homem pelo consumo da carne de diferentes espécies animais, incluindo domésticas e silvestres (p. ex. coelho e camelo), sugeriu a ocorrência de outras fontes de infecção além dos suínos (reservatórios). Os equídeos são susceptíveis à infecção pelo HEV e constituem possível fonte de exposição ao homem pelo consumo da carne e pelo contato direto. A circulação do HEV em animais no Brasil foi demonstrada no rebanho suíno, em javalí e roedor silvestres, canino e bovino, não havendo qualquer informação sobre a presença em equídeos, apesar de o país desempanhar papel importante na exportação de carne e de cavalo vivo. O Brasil já ocupou o sexto lugar mundial no volume de abate e o 14? lugar na exportação da carne, além disso, tem infraestrutura e legislação para o abate equídeo. Entretanto, não dispõe de um sistema de produção voltado para a atividade que contemple ações de acompanhamento sanitário que garantam a sanidade animal e a segurança alimentar. Nesse contexto, pode-se citar a população de equídeos empregada no trabalho de tração para pequenos fretes, lixo reciclável, etc, que são mantidos em centros urbanos e periferias, convivendo em ambientes diversos com suínos, roedores e caninos. Portanto, constituem potencial fonte de exposição ao homem via contato direto ou via consumo da carne (caso sejam encaminhados ao abate). Ressalta-se que agentes infecciosos transmitidos pelo consumo da carne não são investigados na linha de abate configurando como um problema em saúde púplica negligenciado. O objetivo geral deste estudo transversal é investigar a exposição prévia de equinos à infecção pelo HEV através da busca por anti-HEV IgG em amostras de soro. O total de 385 amostras será avaliado (192 equinos da linha de abate e 193 equinos de trabalho de tração) tomando-se como base o tamanho do rebanho equino (5.962.126 animais) e uma frequência de infecção de 50% (nível de significância 95%). Será empregado um kit comercial humano modificado pela adição de conjugado de cabra anti-IgG equino (Equus ferus caballus) marcado com peroxidase. O valor de cutoff será determinado de acordo com estudos semelhantes, adotando um limiar conservador (5X o desvio-padrão). Todas as amostras coonsideradas positivas serão repetidas em duplicata e avaliadas quanto a presença do genoma viral. Este trabalho pretende estabelecer o protocolo de detecção de anticorpos anti-HEV em equinos e investigar a circulação do HEV zoonótico nestes animais de forma a contribuir com a melhoria das condições sanitárias da equinocultura brasileira, além de estudar a potencialidade destes animais como reservatórios.
Área de conhecimento (CNPq): Medicina Veterinária Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 3.1. Diversidade genética, taxonomia, morfogênese e ultraestrutura dos vírus, epidemiologia molecular de vírus, evolução viral