Comunicação, pandemia e contextos criativos: uma pesquisa-ação no Distrito Federal voltar para a edição atual

ISABELLA MOURA DE OLIVEIRA

Sob orientação de Aline Guio Cavaca
No cenário da pandemia de Covid-19, a comunicação e a educação em saúde revelam-se centrais no enfrentamento junto às comunidades. Entretanto, percebe-se poucas estratégias educacionais e participativas contextualizadas para públicos específicos, tais como as populações vulnerabilizadas. No DF, a unidade da federação mais desigual do país, foi evidenciada a existência dessas estratégias comunicacionais próprias das comunidades periféricas, numa série de oficinas com comunicadores populares, organizadas pela Fiocruz-Brasília, em 2020. Este trabalho objetivou produzir conhecimento sobre tecnologias informacionais e comunicacionais de populações vulnerabilizadas no território do Distrito Federal no contexto do enfrentamento da pandemia do Covid-19. Trata-se de uma pesquisa transversal qualitativa, orientada por 4 etapas cíclicas, conforme preconizado por Tripp (2005): Conhecer a prática para planejar sua melhora: foram identificadas iniciativas comunicacionais comunitárias sobre Covid-19, através de busca sistemática pela Internet (sites, blogs, redes sociais). O mapeamento dos atores-chave e possíveis canais de interlocução se deu a partir de levantamentos documentais e contatos mediados por tecnologias, executados pela equipe do projeto-base da orientadora. Agir para implantar a melhora planejada: foram realizadas entrevistas semiestruturadas e rodas de conversa virtuais, para escuta aos atores-chave e desenvolvimento de alternativas colaborativas. Monitorar e descrever os efeitos da ação: análise dos dados coletados, relatórios de pesquisa e rodas de conversa virtuais nos territórios. Avaliar os resultados da ação: dialogicamente, baseada na reflexão-ação. Inicialmente, foram mapeadas pela internet 14 iniciativas no DF, relacionadas a atividades comunitárias e periféricas, que tinham algum componente comunicacional sobre Covid-19 direcionado à comunidade em suas práticas. Após uma primeira análise, foram selecionadas dez experiências. As respectivas lideranças foram contatadas e entrevistadas, compondo o panorama das principais tecnologias comunicacionais a seguir: • Território Cultural Mercado Sul , Taguatinga (DF) : “boca a boca” e as histórias e vida dos moradores foram acionadas como tecnologias comunicacionais. • Coletivo Nós por Nós , Cidade Ocidental (GO): articulação em rede. • Casa Akotirene , Ceilândia (DF): comunicação orgânica e presencial. • RUAS , Ceilândia (DF): pack de cards estratégicos. • Distrito Drag, Brasília (DF): Advocacy como estratégia de atuação junto às comunidades. • Portal Canário, Brasília (DF): tecnologias digitais. • No Setor, Brasília (DF): equipamentos territoriais como instrumentos de comunicação. • Diário de Ceilândia, Ceilândia (DF). Jornal comunitário independente e digital. • Guardiões da Saúde, Brasília (DF). Software em formato de aplicativo. • Instituto Barba na Rua, Brasília (DF). Rede de solidariedade e TV comunitária. Os resultados evidenciaram que as principais tecnologias comunicacionais utilizadas pelas iniciativas estudadas diziam respeito às realidades locais em que estavam inseridas, respeitando as características e representatividades de suas comunidades. Em síntese, podemos concluir que é imprescindível a criação de processos de escuta, diálogo, participação social e produção em conjunto de informações em saúde que sejam reconhecidas como legítimas pelo público a que se destinam.
Palavras-chaves:COMUNICAÇÃO EM SAÚDE; EDUCAÇÃO EM SAÚDE; COVID-19. Área de conhecimento (CNPq): Saúde Coletiva Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 21.3. Comunicação e saúde: políticas públicas e participação social, distribuição, acesso e uso de informação em saúde; análise das relações entre mídia e saúde; gestão da informação em saúde