Avaliação do efeito antiviral de moléculas naturais e sintéticas sobre vírus respiratórios de grande relevância clínicavoltar para a edição atual

NATHALIA ROBERTO RESENDE BORBA

Sob orientação de MILENE DIAS MIRANDA e THAMARA KELCYA FONSECA DE OLIVEIRA
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam doenças associadas ao trato respiratório como a quarta principal causa de morte mundial. Dos agentes virais causadores destas patologias destacam-se o influenza e o SARS-CoV-2. Os vírus influenza, causadores da gripe, são patógenos sazonais que promovem de 290 a 650 mil mortes anualmente, com destaque para o tipo A (IFA). Já o SARS-CoV-2, causador da COVID19, desde sua identificação em 2019, já promoveu mais de 6 milhões de mortes por todo o mundo. O principal antiviral utilizado atualmente para profilaxia e tratamento das infecções pelo vírus influenza é o Oseltamivir (OST), um inibidor (I) competitivo do ácido siálico pelo sítio ativo da enzima neuraminidase (NA) viral, administrado por via oral; além dele, o Zanamivir, outro NAI, também é utilizado no tratamento, mas em menor proporção, dada sua necessidade de internação para administração por via inalatória. Mais recentemente, o baloxavir marboxil foi aprovado pelo FDA americano (U.S. Food & Drug Administration), e atua como inibidor da RNA polimerase viral dependente de RNA (RdRP), administrado por via oral. No entanto, não é rara a identificação de amostras virais resistentes a estes medicamentos licenciados. Já em relação ao SARS-CoV-2, apesar dos esforços para a descoberta de novas moléculas ativas e o reposicionamento de fármacos, nenhuma molécula foi identificada como altamente eficaz para o tratamento da COVID19 e com baixa toxicidade para o paciente. Até o momento, apenas 1 molécula foi aprovada pelo FDA, o remdesivir (análogo de nucleosídeo-AN, inibidor da RNA polimerase viral, administração intravenosa). Já para uso emergencial, o FDA indicou os medicamentos: paxlovid (nirmatrelvir com ritonavir; inibidor de protease viral, adm. oral) e molnupiravir (AN, adm. oral). Estes podem ser usados em casos brandos a médios, mas podem produzir efeitos colaterais como: náusea, diarreia, dor de cabeça, febre, modificação nos batimentos cardíacos, dificuldade de respirar, inchaço no rosto, calafrios, fraqueza e sensação de desmaio entre outros. As similaridades relacionadas às sazonalidades e aos sintomas das infecções promovidas pelos patógenos supracitados, associadas a identificação de cepas resistentes, ao baixo número de moléculas aprovadas para uso clínico e à toxicidade dos fármacos até então aprovados mostram a importância do reposicionamento de fármacos e da busca por novas moléculas, que inclusive sejam eficazes contra ambos os patógenos, inclusive em um contexto de co-circulação na população, causando grande impacto no sistema de saúde. Sendo assim, o presente projeto foi formulado a partir do estabelecimento de colaborações entre diferentes universidades federais, abrangendo os principais alvos para a inibição da replicação do SARS-CoV-2, segundo a OMS e a literatura recente. Nele estão sendo realizados estudos utilizando moléculas já aprovadas para uso clínico, seus análogos e moléculas inéditas com o objetivo de ampliar o conhecimento básico e aplicado em relação aos mecanismos de inibição do SARS-CoV-2, além de contribuir para a obtenção de moléculas mais potentes e cada vez menos tóxicas frente ao tratamento da COVID-19. Nesta fase do estudo, as moléculas já selecionadas pelo grupo com atividade anti-SARS-CoV-2 também serão estudadas frente ao influenza, em especial por serem produtos naturais de classes químicas já identificadas como inibidoras dos vírus influenza (auronas, flavonoides; e extratos da planta Ampelozizyphus amazonicus).
Palavras-chaves:AGONISTAS ENDÓGENOS E EXÓGENOSCCR5CXCR4GP120INFLUENZA Área de conhecimento (CNPq): Biologia Geral Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 3.2. Biologia celular e molecular de vírus e a sua interação com células hospedeiras, drogas antivirais e resistência