Western blot como ferramenta diagnóstica para identificar a doença de Chagas crônica utilizando proteínas recombinantes quiméricas voltar para a edição atual

RANDRIN QUEIROZ VIANA FERREIRA

Sob orientação de FRED LUCIANO NEVES SANTOS e Ramona Tavares Daltro
A doença de Chagas (DC) é enfermidade negligenciada causada por um hemoflagelado denominado Trypanosoma cruzi. Trata-se de uma doença de curso bifásico, sendo representada pelas fases aguda e crônica. Estima-se que aproximadamente 5,7 milhões de pessoas estejam infectadas em 21 países da América Latina1 e, no Brasil, este número varia entre 1,9-4,6 milhões de pessoas2. O diagnóstico da infecção depende da fase clínica da doença e baseia-se em critérios clínicos, histórico epidemiológico do indivíduo e em exames laboratoriais. Na fase aguda, o diagnóstico é realizado através de métodos parasitológicos diretos e indiretos3. No entanto, na fase crônica, devido à baixa parasitemia, utiliza-se de métodos sorológicos indiretos como, por exemplo, imunofluorescência indireta (IFI), hemaglutinação indireta (HAI) e ensaio imunoenzimático (ELISA)4. Em virtude da ausência de um teste padrão-ouro para o diagnóstico na fase crônica, a OMS recomenda a utilização de dois testes em paralelo. A combinação dos resultados define o indivíduo como positivo, negativo ou inconclusivo5. Porém, o desempenho destes testes depende, dentre outros fatores, dos antígenos usados na sensibilização da fase sólida6 e do elevado polimorfismo genético apresentado pelo T. cruzi. Por este motivo os testes apresentam desempenho variável de acordo com a região geográfica onde são usados7. Dessa forma, muitos resultados apresentam discordância entre os dois testes usados, levando a um resultado inconclusivo e havendo a necessidade de um teste confirmatório para chegar a uma conclusão diagnóstica. Todavia, a DC carece de um teste confirmatório confiável e de alto desempenho para confirmação de discordância sorológica nos testes diagnósticos. O Western blotting, até o ano de 2016, era utilizado para esta finalidade 8. No entanto, a sua produção foi descontinuada, deixando uma lacuna no diagnóstico confirmatório da infecção em todo o mundo. Uma forma de ultrapassar tais obstáculos baseia-se na utilização de proteínas recombinantes quiméricas, formadas por regiões conservadas e repetitivas de diversas proteínas do T. cruzi em uma única molécula9. Esta estratégia possibilita manter os índices de desempenho elevados mesmo quando o teste é utilizado em regiões geográficas com circulação de diferentes linhagens genéticas. Desta forma, quatro proteínas recombinantes quiméricas foram desenvolvidas pelo nosso grupo por meio de técnicas de engenharia genética, as quais foram denominadas IBMP-8.1, IBMP-8.2, IBMP-8.3 e IBMP-8.4. O potencial diagnóstico de todas elas foram avaliadas em estudos de fase I, II e III utilizando o ELISA indireto, ELISA duplo antígeno, microarranjo líquido e imunocromatografia como plataformas diagnósticas, com resultados de acurácia que variaram de 95 a 100% (9, 10 - 11). Com base nos resultados encontrados, o nosso grupo objetiva avaliar o potencial diagnóstico dos antígenos IBMP para diagnosticar indivíduos cronicamente infectados pelo T. cruzi utilizando o Western blotting como ferramenta diagnóstica, suprindo a necessidade de uma metodologia para ser utilizada como testes confirmatório nos casos de sorodiscordâncias.
Palavras-chaves:DOENÇA DE CHAGASTESTES SOROLÓGICOSPOLIANTÍGENOSREAÇÕES ANTÍGENO-ANTICORPO Área de conhecimento (CNPq): Imunologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 27.4. Pesquisa, Desenvolvimento e aplicação de metodologias de isolamento de agentes infecciosos, e do diagnóstico sorológico e molecular de doenças parasitárias