Monitoramento de patógenos virais emergentes e reemergentes no estado do Rio de Janeiro.voltar para a edição atual

GABRIEL ROCHA SCHUAB DA SILVA

Sob orientação de Marta Giovanetti e ANA MARIA BISPO DE FILIPPIS
Resumo Subprojeto Caracterização do problema: No estado do Rio de Janeiro houve uma redução de aproximadamente 61,9% nas notificações de prováveis casos dos principais arbovírus (Zika, Dengue e Chikungunya) no ano de 2021, relacionada ao cenário epidemiológico do SARS-CoV-2. A semelhança dos sintomas iniciais entre a COVID-19 e as arboviroses pode gerar subnotificação para possíveis arboviroses, dificultando também a rápida detecção de possíveis novos patógenos virais. Entretanto, com a recente diminuição nos casos do SARS-CoV-2 no estado, houve um aumento no número de notificações de prováveis casos de arboviroses, o que implica no aumento da demanda por diagnóstico para as arboviroses e aumento na pressão na Saúde Pública do estado. A fim de contornar este possível problema, faz-se necessário a rápida detecção destes arbovírus e de outros potenciais patógenos virais emergentes para que medidas de sejam estabelecidas com o intuito de diminuir os impactos no cenário epidemiológico. Objetivos: Entender a dinâmica da disseminação espaço-temporal dos principais arbovírus circulantes (ZIKV, CHIKV, DENV, YFV) no estado do Rio de janeiro; definir os possíveis determinantes envolvidos em sua dispersão e/ou desfechos clínicos; e identificar vírus emergentes através da metagenômica. Estado da arte: No ano de 2019 (pré-pandemia), foram cerca de 90.287 casos prováveis das principais arboviroses representando uma queda de 2587,7% nas notificações do no ano de 2021. Assim, com o arrefecimento da pandemia, a investigação da dinâmica de transmissão e circulação de arbovírus deve ser contínua a fim de fornecer informações para os órgãos de gestão em saúde do estado. Recentemente, a vigilância genômica de arbovírus no Brasil, realizada pelo nosso grupo no projeto ao qual este subprojeto está vinculado, permitiu a identificação do primeiro caso de Dengue tipo 2 do genótipo Cosmopolitan no Brasil, no estado de Goiás (Giovanetti et al., 2022 https://doi.org/10.1101/2022.03.29.22273028). Esse genótipo é responsável mundialmente por casos nas regiões da Ásia, Oriente Médio e África, e traz um estado de atenção para possíveis novos casos em indivíduos suscetíveis no Brasil. Síntese metodológica: Serão submetidas ao diagnóstico molecular para ZIKV, CHIKV, DENV, YFV, amostras clínicas oriundas de pacientes com sintomas compatíveis com a definição de caso de arbovirose preconizado pelo Ministério da Saúde (doença febril aguda) e selecionadas randomicamente no estado do Rio de Janeiro. Dentre as amostras que serão confirmadas como positivas, um total de 80 amostras (20 para cada alvo) serão submetidas ao sequenciamento e análise dos genomas completos no Laboratório de Flavivírus (LABFLA) na Fiocruz/RJ. As amostras negativas oriundas de pacientes que apresentaram uma sintomatologia clinica aguda/grave e/ou óbitos serão submetidas à analises de metagenômica para identificação de possíveis novos vírus circulantes. Perspectivas do projeto: Os dados deste estudo poderão contribuir junto a Secretaria de Saúde do Governo do Estado do Rio de Janeiro e com órgãos nacionais para um maior controle sobre disseminação geográfica e temporal dos arbovírus circulantes no estado e no Brasil. Serão também elaborados artigos científicos publicados em revistas de alto impacto e boletins com informações clínicas e epidemiológicas para os órgãos públicos de saúde e para a população em geral. Além disso, através da metagenômica será possível a caracterização e rápida detecção viral de casos com diagnóstico inconclusivo ou até mesmo a descoberta de novos patógenos virais, produzindo dados que podem informar e dar suporte as respostas de controle de surto. Os dados estarão disponibilizados com livre acesso à medida que os experimentos forem realizados, através do compartilhamento de dados de forma rápida e integrada.
Área de conhecimento (CNPq): Microbiologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 3.1. Diversidade genética, taxonomia, morfogênese e ultraestrutura dos vírus, epidemiologia molecular de vírus, evolução viral