Biodiversidade de fungos cultiváveis da Península Antárticavoltar para a edição atual

BERNARDO ABRANTES DE VASCONCELOS COELHO

Sob orientação de Luciana Trilles e LUCAS MACHADO MOREIRA
Justificativa e Relevância A biodiversidade terrestre e marinha na Antártica é complexa, com 16 regiões biogeográficas continentais distintas ainda muito pouco estudadas [1, 2]. As interligações e os impactos destes ecossistemas sobre a saúde dos animais, dos visitantes ou sobre o planeta de uma forma geral é pouco explorada nos estudos científicos, fato que nos leva a acreditar que a rica biodiversidade deste continente pode revelar novas e distintas dinâmicas ecossistêmicas e a extensões taxonômicas [2]. Logo, é possível que a ampla investigação do solo e das excretas dos animais do continente permita o isolamento de patógenos humanos novos e já conhecidos, além da identificação de novas espécies extremófilas potencialmente produtores de biomoléculas, as quais podem ter aplicações biotecnológicas na área da saúde. Objetivo geral Identificar os fungos cultiváveis isolados de amostras de solo e excreta/fezes de animais da Península Antártica. Objetivos específicos • Isolar fungos em amostras de solo e excreta/fezes de animais da Península Antártica; • Avaliar as características macro e micro morfológicas dos isolados; • Identificar os isolados por metodologia molecular; Metodologia e Desenho Experimental Isolamento e avaliação morfológica: Serão analisadas aproximadamente 10 amostras de solo e 10 amostras de excreta/fezes de animais coletadas em 2020 e 2022 da Ilha Deception, Península Antártica. Os materiais serão processados por meio da diluição de 1 grama da amostra em 9 mL de salina estéril. Após diluição a amostra será vigorosamente agitada em vórtex por 5 minutos, seguido de 45 minutos de repouso. Passado o tempo de repouso, 100 µL do sobrenadante das amostras serão semeados em 3 diferentes meios de cultura que posteriormente serão incubadas em estufa à15ºC, 25ºC e 37ºC. Os fungos isolados serão macro e micro morfologicamente avaliados por metodologia clássica. Identificação Molecular dos isolados: Extração do DNA genômico será realizada de acordo com protocolo adaptado de Muniz e colaboradores [3]. As reações de amplificação serão realizadas em um volume final de 50 µL contendo 100 ng do DNA, 1X tampão da PCR (10 mM Tris-HCl pH 8.4, 50 mM KCl, 1,5 mM MgCl2), 0,2 mM de cada dNTP, 2,5 U de Taq DNA polimerase recombinante, e 10 pmol de cada primer ITS5 e ITS4 [4], EF1-1018F e EF1-1620R ou EF1-1002F e EF1-1688R [5], e Btub1 e Btub2. O produto amplificado obtido será purificado com o QIAquick® PCR Purification Kit de acordo com instruções do fabricante e enviado à Plataforma de Sequenciamento Genômico PDTIS/Fiocruz, utilizando o sequenciador ABI-3730. As sequências obtidas serão editadas pelo programa Sequencher 4.9 Genes Code Corporation. Análises filogenéticas serão realizadas pelo software Mega 11. Por fim, as sequências serão comparadas com as depositadas no banco de dados do NCBI/GenBank. Referências 1. Svahn KS et al. Penicillium nalgiovense Laxa isolated from Antarctica is a new source of the antifungal metabolite amphotericin B. Fungal Biol Biotechnol . 2015 Jan 17; 2:1. 2. Gomes ECQ et al. Cultivable fungi present in Antarctic soils: taxonomy, phylogeny, diversity, and bioprospecting of antiparasitic and herbicidal metabolites. Extremophiles. 2018,22:381–393. 3. Bialek R et al. Evaluation of Two Nested PCR Assays for Detection of Histoplasma capsulatum DNA in Human Tissue. J Clin Microbiol. 2002, p. 1644–1647. 4. Terçarioli GR et al. Ecological study of Paracoccidioides brasiliensis in soil: growth ability, conidia production and molecular detection. BMC Microbiol. 2007, 22; 7:92. 5. de Macêdo RC et al. Molecular identification of Coccidioides spp. in soil samples from Brazil. BMC Microbiol. 2011 May 16; 11:108.
Área de conhecimento (CNPq): Microbiologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 2.2. Pesquisa da biodiversidade microbiológica e seus vírus, através de identificação, análise taxonômica e genética, filogenia e evolução, molecular, metabólica, funcional e ecológica