Caracterização da imunidade celular de pacientes com Febre Amarela provenientes do surto da doença em Minas Gerais em 2017voltar para a edição atual

LARA LUIZA CERAVOLO RABELO

Sob orientação de ANDREA TEIXEIRA DE CARVALHO e JORDANA RODRIGUES BARBOSA FRADICO
A febre amarela é uma doença viral febril hemorrágica, infecciosa, endêmica em regiões da África e da América do Sul. Possui grande importância epidemiológica, em função da sua gravidade clínica e potencial elevado de disseminação em áreas urbanas. No Brasil, o vírus está presente na região Norte, Centro Oeste e parte do Maranhão, Bahia e Região Sul. Estima-se que cerca de 10% dos casos evoluam para as formas graves, associadas à elevada letalidade, variando de 20-50% dos casos. Nos anos de 2017 e 2018, o estado de Minas Gerais enfrentou os maiores surtos da doença com 1.000 casos e mais de 300 mortes confirmadas pela doença. Uma das razões para que o surto tenha ocorrido foi a baixa cobertura vacinal do estado, que nos últimos dez anos vacinou apenas cerca de 48% dos indivíduos com indicação de vacinação. Diante desse contexto e por serem escassos os estudos que avaliam a resposta imune em pacientes com febre amarela, o estudo atual propõe avaliar a imunidade celular de pacientes adultos com febre amarela durante o quadro de manifestações clínicas de fase aguda da doença. Os objetivos serão cumpridos pela execução da metodologia de caracterização imunofenotípica de linfócitos T e B de memória, caracterização funcional de citocinas intracitoplasmáticas de linfócitos T e B de memória e quantificação dos níveis circulantes de citocinas e quimiocinas. Dessa maneira, serão avaliados 103 pacientes com diagnóstico confirmado de febre amarela (molecular e/ou sorológico com sintomatologia característica), internados no Hospital Eduardo de Menezes, Belo Horizonte, Minas Gerais, no momento da internação em 2017. Os dados obtidos serão comparados com aqueles provenientes de dois grupos controles, o primeiro, constituído de indivíduos saudáveis imunizados recentemente com o vírus amarílico vacinal 17DD e o segundo, constituído por indivíduos saudáveis provenientes de bancos de sangue. A relevância do estudo proposto se justifica na escassez de dados na literatura que possibilite avaliar a resposta imune celular, após a infecção humana pelo vírus amarílico selvagem e embasar as futuras decisões de saúde pública em casos de surto da doença. Esse projeto consiste em oportunidade rara de se estudar aspectos relacionados à imunobiologia e fisiopatologia da infecção pelo vírus amarílico selvagem. O estudo da imunidade celular fornecerá dados que podem identificar biomarcadores potenciais de prognóstico e poderá ainda identificar possíveis perfis distintos de resposta celular quando os indivíduos são infectados pelo vírus amarílico selvagem ou vacinal. Esses dados poderão, portanto, fornecer subsídios relevantes para as políticas de saúde pública, visando estabelecer medidas mais eficazes de controle e manejo clínico da febre amarela.
Palavras-chaves:FEBRE AMARELAREPERTÓRIO DE ANTICORPOSIMUNIDADE CELULARSURTO Área de conhecimento (CNPq): Imunologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 5.2. Imunobiologia e imunorregulação, imunopatologia das infecções, das doenças crônicas não transmissíveis e das alergias