Bioatividade de compostos de coordenação metálicos sobre Exophiala dermatitidisvoltar para a edição atual

Tatiana Daudt Pereira Vieira

Sob orientação de LUCIMAR FERREIRA KNEIPP e INGRID DE SOUZA E SOUSA
A feohifomicose (FHM) é uma infecção fúngica crônica, recorrente e de difícil tratamento com crescentes relatos de resistência aos fármacos disponíveis. Neste contexto, estudos para testes de novos compostos bioativos são essenciais. No presente projeto pretendemos avaliar o efeito de derivados de 1,10-fenantrolina sobre Exophiala dermatitidis, o principal agente da FHM, e seus atributos de virulência. Existem relatos na literatura que apontam que compostos de coordenação metálicos são alvos em potencial para o tratamento alternativo de infecções fúngicas. Os resultados obtidos no presente projeto revelaram que o derivado de 1,10 fenantrolina livre de metal, o fendio, e os derivados metálicos complexados ao sal perclorato ([Ag(fendio)2]ClO4 e [Cu(fendio)3](ClO4)2.4H2O) apresentaram boa atividade antimicrobiana, uma vez que todos foram capazes de inibir o crescimento de E. dermatitidis com CIMs iguais a 12,5; 1,56 e 3,12 microM, respectivamente. O estudo também avaliou a susceptibilidade de E. dermatitidis aos derivados de 1,10-fenantrolina durante a formação de biofilme, que são estruturas envolvidas com virulência e resistência microbiana. Considerando a importância da terapia conjugada, que apresenta como principal vantagem aumentar a eficácia e reduzir a toxidez e resistência microbiana, neste este ensaio o tratamento foi realizado utilizando concentrações subinibitórias dos derivados isoladamente ou em associação com o antifúngico clássico anfotericina B (AMB). Os dados indicaram que a viabilidade das células durante a formação do biofilme de E. dermatitidis foi reduzida ~30% após tratamento com AMB combinada ao composto de Cu(II). A ação dos compostos foi avaliada também sobre um outro atributo de virulência, a capacidade do fungo em mudar da forma de conídio para a forma filamentosa. Para este ensaio os fungos foram tratados com concentrações não inibitórias dos compostos e a filamentação avaliada por microscopia de luz. O sistema tratado com o composto de Cu(II) na concentração de ½×CIM apresentou majoritariamente pseudohifas e alguns conídios, mostrando que ocorreu uma forte inibição da filamentação fúngica quando comparada ao controle. O derivado de Ag(I) também inibiu, mas em relação ao composto de Cu(II) foi menos efetivo. Com o objetivo de investigar se a ação dos compostos tem relação com o estresse oxidativo, a produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) foi avaliada. Nas condições testadas, os dados revelaram que somente o composto de Cu(II), na concentração não inibitória (16×MIC), foi capaz de produzir EROs. Esta indução foi confirmada após o tratamento com o antioxidante, N-acetil cisteína (NAC) que inibiu drasticamente a produção de EROs pelo composto. Outros experimentos estão em andamento no laboratório para cumprir os objetivos propostos no projeto.
Palavras-chaves:METALOCOMPOSTOSCOMPOSTOS DE COORDENAÇÃO METÁLICOSCRESCIMENTO FÚNGICODIFERENCIAÇÃO CELULARBIOFILME Área de conhecimento (CNPq): Microbiologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 2.4. Resistência a antibióticos e quimioterápicos, e suas implicações no tratamento e profilaxia das infecções microbianas