IMPACTO DA COVID-19 NA EVOLUÇÃO CLÍNICA E NA MORTALIDADE DA TUBERCULOSEvoltar para a edição atual

GIOVANNA VIANA DO SACRAMENTO

Sob orientação de MICHELLE CHRISTIANE DA SILVA RABELLO
A COVID-19, causada pelo vírus da síndrome respiratória aguda grave coronavírus-2 (SARS-CoV-2), é responsável pela morte de milhares de pessoas. A pandemia da COVID-19 causou um significativo impacto na economia e na saúde pública de toda a sociedade. Consequentemente, outras doenças infecciosas, como a tuberculose (TB), estão sendo mais negligenciadas. Assim como a TB, a COVID-19 é transmitida por via respiratória e afeta os pulmões. Fatores de risco como idade avançada e comorbidades como diabetes, hipertensão, doenças respiratórias crônicas, entre outras, também estão associados a complicações em ambas as infecções. A interação entre essas morbidades é pouco citada na literatura. Porém, estudos recentes mostram que a coinfeção TB/COVID-19 apresenta um risco de 2,10 vezes maior do indivíduo evoluir com manifestações clínicas graves. O paciente acometido com doença respiratória prévia encontra-se com a função pulmonar prejudicada, isso resulta em uma resposta imune deficiente propiciando a síndrome respiratória aguda, ratificando essa relação. Devido à imunidade deprimida e o dano pulmonar, os pacientes com TB que adoecem com COVID-19 podem ter desfechos desfavoráveis, elevando o risco de morbidade, hospitalização e mortalidade desses pacientes. Existem poucas informações na literatura a respeito do impacto da COVID na evolução clínica e na mortalidade dos pacientes com tuberculose, especialmente nos pacientes com TB drogaresistente (TBDR) e pacientes de TB coinfectados com o virus da imunodeficeincia humana (HIV). Pesquisas científicas nacionais sobre a interação clínica entre essas infecções são necessárias no nosso país para podermos conhecer o padrão clínico, manejo clínico e prognóstico dessas infecções na nossa população. O Brasil continua entre os 30 países com alta carga de TB e de coinfecção com HIV. O Estado de Pernambuco se destaca por apresentar uma das maiores taxas de incidência e de mortalidade por TB no país. Após o período pandêmico, os indicadores epidemiológicos da TB no Brasil se agravaram tanto em relação à taxa de incidência da doença como a taxa de mortalidade. Neste estudo pretendemos conhecer o padrão clinico-epidemiológico dos casos de TB/COVID na população pernambucana e avaliar o impacto da COVID-19 no agravamento clínico e na mortalidade desses pacientes. Para isso, a partir dos bancos de dados secundários de notificações da TB, COVID-19 e do sistema de informação sobre mortalidade (SIM) iremos analisar os seguintes objetivos: 1) A série histórica dos casos de Tuberculose no município de Recife e Tuberculose drogaresistente em Pernambuco entre os períodos de 2017 a 2022; 2) Comparar o perfil sócio-demográfico e clínico-epidemiológico dos casos de tuberculose antes e após a pandemia do COVID no município de Recife; 3) Descrever o perfil sócio-demográfico e clínico-epidemiológico dos pacientes com tuberculose (TB, TBDR e TB/HIV) coinfectados com a COVID-19; 4) Avaliar o desfecho do tratamento dos casos de tuberculose e tuberculose/COVID; 5) Avaliar a causa do óbito dos casos de tuberculose do município de Recife entre os períodos de 2017 a 2022; 6)Identificar fatores de risco associados à ocorrência da evolução clínica e da mortalidade entre os casos de TB/COVID-19. Os bancos de dados do SINAN, SITETB, eSUS, NotificaPE e SIM obtidos entre os períodos de 2017 a 2022 serão disponibilizados pela vigilância epidemiológica em saúde do município de Recife. Dos quais, serão coletados as variáveis sócio-demográficas (sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade, e população privada de liberdade), clínica (forma da tuberculose, forma clinica da COVID-19) e epidemiológicas (parâmetros laboratoriais - teste para diagnóstico da TB, COVID-19, HIV, teste de sensibilidade às drogas anti-TB e radiológicas; fase do tratamento para TB no momento da coinfecção; desfecho do caso/situação de encerramento do caso - cura, abandono, óbito, internações; comorbidades e sintomas respiratórios. Estas variáveis serão transcritas para um banco de dados em Excel e analisadas para avaliar o impacto da COVID-19 no agravamento clínico e na mortalidade da tuberculose antes e após a pandemia.
Palavras-chaves:TUBERCULOSECOVID-19MORTALIDADEEVOLUÇÃO CLÍNICA Área de conhecimento (CNPq): Medicina Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 15.5. Epidemiologia de doenças transmissíveis