Avaliação do comprometimento da funcionalidade dos linfócitos T frente aos antígenos parasitários em pacientes coinfectados com leishmaniose visceral e HIV-1 com diferentes desfechos clínicos voltar para a edição atual

JOANA RIBEIRO CARRILHO ROCADO

Sob orientação de JOANNA REIS SANTOS DE OLIVEIRA e ALDA MARIA DA CRUZ
A maioria dos casos de coinfecção Leishmania/HIV nas Américas ocorre no Brasil, onde a leishmaniose visceral (LV) aparece como a forma prevalente no que se refere à coinfecção. A infecção pelo HIV-1 e pela Leishmania infantum são caracterizadas por uma imunossupressão e uma intensa ativação celular crônica. Estudos anteriores de nosso grupo já demonstraram que a leishmaniose é um cofator para o aumento do grau de ativação em pacientes coinfectados com HIV. Essa intensa ativação imune pode afetar a função efetora dos linfócitos T quantitativamente e funcionalmente, o que pode contribuir para as frequentes recidivas da LV em pacientes HIV+. Em consequência do status imune ativado na infecção pelo HIV verifica-se uma aceleração da imunosenescência, caracterizado por uma exaustão dos recursos imunes primários. Neste cenário, a imunosenescência pode ser agravada na coinfecção com a LV, já que esta também cursa com um comprometimento sistêmico e ativação celular. Desse modo, nosso objetivo é avaliar prospectivamente parâmetros imunológicos que possam contribuir para o prognóstico e grau de comprometimento imune dos pacientes coinfectados a fim de entender/predizer as recidivas de LV. Tais parâmetros incluiriam a ativação celular, senescência e diferenciação linfocitária (células T de memória e reguladoras) nas células do sangue de pacientes coinfectados estimulados com os antígenos parasitários, além da capacidade proliferativa e de produção de citocinas. Serão estudados 27 pacientes LV/HIV, acompanhados prospectivamente desde a fase ativa da LV até seis meses pós-tratamento (3 visitas). Como controles, estudaremos indivíduos portadores de LV negativos para o HIV (n= 10) e indivíduos saudáveis para ambas as infecções (n= 10). Os níveis de linfócitos T por mm3 (CD3+/CD4+, CD3+/CD8+) serão quantificados no sangue. A avaliação funcional será realizada pela fenotipagem de moléculas associadas com ativação (CD38 e HLA-DR), senescência replicativa (CD57/CD28) e diferenciação (CD45RA/CCR7) após estimulação in vitro por citometria de fluxo. A capacidade proliferativa será medida através da incorporação de BrdU nas células em divisão. Os resultados obtidos serão correlacionados a parâmetros clínicos e laboratoriais utilizados no acompanhamento desses pacientes (contagens de linfócitos T CD4+, carga viral e carga parasitária). Este estudo ajudará a entender se a intensa ativação imune, observada nesses indivíduos coinfectados, capaz de prejudicar a reconstituição imunológica pode estar contribuindo para acelerar o processo de senescência replicativa, bem como influenciando negativamente a resposta imune de memória específica em pacientes coinfectados. Tal investigação poderá trazer possíveis parâmetros laboratoriais de acompanhamento desses pacientes quanto à manutenção da remissão clínica ou mesmo para uma reativação da LV.
Palavras-chaves:COINFECÇÃOLEISHMANIOSE VISCERALHIV-1SENESCÊNCIAOUTPUT TÍMICO E REPERTÓRIO. Área de conhecimento (CNPq): Imunologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 5.2. Imunobiologia e imunorregulação, imunopatologia das infecções, das doenças crônicas não transmissíveis e das alergias