IDENTIFICAÇÃO, QUANTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DA DIVERSIDADE DE VÍRUS EM ÁREA CONTAMINADA POR LIXIVIADO DE RESÍDUOS E SEUS EFEITOS À SAÚDE PÚBLICAvoltar para a edição atual

ANNE TORRES DE FARO MOTTA

Sob orientação de CAMILLE FERREIRA MANNARINO e Natália Maria Lanzarini
Os resíduos sólidos urbanos (RSU) comumente contêm materiais, como seringas e agulhas, restos de curativos, medicamentos, fraldas descartáveis, papel higiênico e secreções, que podem ser fontes de microrganismos - vírus, bactérias, fungos, protozoários e helmintos. Nos locais de disposição final de resíduos sólidos, é gerado um efluente, oriundo da solubilização de compostos presentes nos resíduos, pela umidade inicial destes e do eventual aporte de água de chuva. O lixiviado de resíduos sólidos possui difícil biodegradação, características físicas, químicas e biológicas variáveis e potencial elevado de causar contaminação. Enquanto a caracterização físico-química de lixiviados é amplamente estudada, a sua caracterização microbiológica ainda é limitada à identificação de alguns grupos de bactérias e fungos. Embora os manuais da EPA descrevam a persistência de vírus em lixiviados por cultivo celular, a sua detecção e quantificação em lixiviados de RSU resume-se a poucos estudos, iniciados com os pesquisadores deste grupo. Dessa forma, é de grande importância o desenvolvimento de pesquisas versando sobre detecção e quantificação de vírus em lixiviados de resíduos, de forma a contribuir para a determinação de possíveis impactos desse efluente à saúde, além de riscos de exposição para trabalhadores de serviços de manejo de resíduos. Esse projeto se propõe a detectar e quantificar vírus presentes em lixiviado e água subterrânea em área contaminada por resíduos sólidos, buscando avaliar seus possíveis impactos à saúde pública. O estudo permitirá nortear medidas de prevenção e controle para a população residente no entorno da área. Serão avaliadas amostras de lixiviado e água subterrânea oriundas de um lixão encerrado no Estado do Rio de Janeiro. O lixiviado será coletado em três lagoas de acumulação existentes na área. A água subterrânea será coletada em cinco poços de monitoramento instalados no lixão e em um poço de abastecimento localizado em terreno adjacente. Serão realizadas 4 amostragens por ano, uma em cada estação climática, totalizando 36 amostras. As amostras serão processadas, os ácidos nucleicos extraídos e analisados por Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (qPCR) utilizando o sistema TaqMan para detecção e quantificação viral. As amostras positivas pelo qPCR serão submetidas a protocolos qualitativos de PCR convencional e sequenciamento para caracterização molecular dos vírus detectados. A infectividade viral será avaliada em cultura de células. Serão ainda identificadas as características físico-químicas do lixiviado e água subterrânea, de forma a identificar possíveis interferentes na detecção viral e/ou preditores da sua presença. Esta pesquisa contribuirá para a determinação de impactos à saúde e ao ambiente causados por lixões encerrados. Espera-se consolidar métodos de detecção e quantificação viral em lixiviados de resíduos sólidos, no sentido de que vírus se tornem importantes indicadores no monitoramento de lixões e aterros sanitários.
Área de conhecimento (CNPq): Engenharia Sanitária Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 14.5. Saneamento e saúde ambiental, inclusive infantil