Vigilância Epidemiológica em Tempo Real de bactérias causadoras de IST a partir de material clínico por qPCR-HRM.voltar para a edição atual

Kamila Alexandra da Cunha Geraldeli

Sob orientação de Ivano Raffaele Victorio de Filippis Capasso e DEBORA RIBEIRO DE SOUZA SANTOS
Infecções sexualmente transmissíveis (IST) também conhecidas como doenças venéreas são doenças transmitidas por via sexual, principalmente por sexo vaginal, anal ou oral. Vários tipos de agentes infecciosos (vírus, fungos, bactérias e parasitas) estão envolvidos nas IST, gerando diferentes sintomas como feridas, corrimento, dor ao urinar, bolhas ou verrugas. Entre as IST causadas por bactérias estão a Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae (gonorréia), Treponema pallidum (sífilis), Mycoplasma genitalium e Streptococcus agalactiae ou Streptococo do grupo B (SGB). As três IST mais frequentes no mundo juntas, contagiam mais de 340 milhões de pessoas por ano, sendo 131 milhões por clamidia, 78 milhões por gonorréia e 5,6 milhões por sífilis. No Brasil, o cenário estimado não é muito diferente — como apenas os casos de HIV e de sífilis em gestantes e bebês são notificados obrigatoriamente ao Ministério da Saúde, é difícil ter estatísticas gerais mais fidedignas. Os dados relativos a IST provêm frequentemente de clínicas, programas de rastreio ou estudos baseados em laboratórios de análises clínicas. Diferentes IST, podem estar presente ou ser transmitidas simultaneamente, e a presença de qualquer infecção aumenta o risco de contrair outros tipos de IST. Essas infecções são muitas vezes oligo ou assintomáticas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as IST constituem os cinco tipos de doenças para os quais adultos em todo o mundo mais procuram ajuda médica. Infecções sexualmente transmissíveis podem causar danos fetais e neonatais, neoplasia genital e infertilidade. Um número de estratégias de diagnóstico e testes, de qualidade variável, estão disponíveis em clínicas particulares e hospitais públicos. Além do diagnóstico clínico e laboratorial, um fator importante para o sucesso do tratamento é a determinação da susceptibilidade do agente etiológico aos antimicrobianos. A determinação da susceptibilidade a antimicrobianos é realizada através do método de antibiograma que pode ser qualitativo ou quantitativo pela determinação da concentração inibitória mínima ou CIM. Em ambos os casos, é preciso cultivar a bactéria pois esta precisa estar viável e pura. Tanto C. trachomatis, quanto N. gonorrhoeae, T. pallidum e M. genitalium, são consideradas bactérias fastidiosas, isto é de difícil cultivo e muito sensíveis ao meio externo podendo se tornar inviáveis ou incultiváveis após algumas horas de exposilção do material clínico ao meio ambiente. Os novos métodos de diagnóstico molecular baseados na PCR, possibilitam a detecção do DNA genômico desses agentes diretamente no material clínico. Genes associados à diminuição da susceptibilidade a antimicrobianos, também podem ser detectados por métodos moleculares como a PCR convencional ou PCR em tempo real com sondas (Taqman), a partir de material clínico, quando o agente etiológico é de difícil cultivo. O presente projeto, propõe a utilização da PCR em tempo Real com HRM (qPCR-HRM) para o diagnóstico dos agentes etiológicos e para a detecção de genes associados à resistência a antibióticos. Além de possibilitar a detecção da resistência aos antibióticos de escolha diretamente a partir do material clínico, a qPCR-HRM apresenta um custo-benefício bastante alto, pois é um método rápido, com alta sensibilidade e especificidade (similar ao Taqman) e custo muito menor por não utilizar sondas.
Palavras-chaves:ISTDIAGNÓSTICO MOLECULARSUSCEPTIBILIDADE A ANTIMICROBIANOSQPCRN. MENINGITIDISS. PNEUMONIAEMECANISMOS DE RESISTÊNCIA Área de conhecimento (CNPq): Microbiologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 27.3. Pesquisa, Desenvolvimento e aplicação de metodologias de isolamento de agentes infecciosos, e do diagnóstico sorológico e molecular de doenças bacterianas e fúngicas