Atividade Antimalárica in vitro de compostos derivados de naftoquinonasvoltar para a edição atual

Hélia Cristiny Tavares de Souza Diel

Sob orientação de CAROLINA BIONI GARCIA TELES e LEANDRO DO NASCIMENTO MARTINEZ
De acordo com os últimos dados da OMS, no ano de 2021 foram registrados aproximadamente 241 milhões de infectados por malária no mundo e cerca de 620 mil óbitos (WHO, 2021). No Brasil, somente no ano de 2021, a Região Amazônica notificou 139.089 casos (BRASIL, 2022). Diante deste cenário epidemiológico, a espécie de Plasmodium falciparum, é o agente causador da forma mais agravante da doença, pois possui os casos de maior complexidade e mortalidade, sendo associado a distúrbios neurológicos, problemas respiratórios e abortos em mulheres grávidas (MACKINTOSH; BEESON, MARSH, 2004). A limitação dos tratamentos convencionais e o aumento crescente da multirresistência aos medicamentos são aspectos importantes que apontam para a urgência de descoberta de novas drogas para o tratamento dessa doença (MENARD; DONDORP, 2017; SILVA et al., 2018). Nesse contexto, levando em consideração as potenciais aplicações biológicas e importância química das naftoquinonas, novas moléculas derivadas desta classe, podem se tornar uma das alternativas no tratamento da malária (RIBEIRO et al., 2021). Na literatura há relatos de atividades das naftoquinonas como agentes antimicrobianos (FUTURO et al., 2018), leishmanicida (LEZAMA-DAVILA et al., 2012) e anticâncer (SCHEPETKIN et al., 2020). Além disso, essa classe de moléculas já foi utilizada em estudos in vitro que buscam compostos com atividade antimalárica (BRANDÃO et al., 2018; DE SENA PEREIRA et al., 2018; PATEL; BETECK; LEGOABE, 2021). O objetivo deste estudo é avaliar o potencial antiplasmodial in vitro de dois compostos derivados de uma naftoquinona inéditos. Os compostos serão cedidos pela pesquisadora Dra. Alcione Carvalho do Laboratório de Síntese Orgânica Aplicada da Universidade Federal Fluminense. Para avaliar a atividade antimalárica, os cultivos com predomínio de anéis serão obtidos por sincronização com sorbitol (LAMBROS; VANDERBERG, 1979), os parasitos em meio RPMI serão distribuídos em placas de 96 poços considerando: 0,5% de parasitemia, 2% de hematócrito e mais os compostos (10x diluídos). Serão realizados controles de parasitos não tratados, tratados com artemisinina e de hemácias não parasitadas. As placas serão incubadas a 37 ºC por 72 h. A atividade será mensurada por fluorescência usando Sybr green I (SMILKSTEIN et al., 2004). O valor de inibição de crescimento de 50% dos parasitos (IC50) será determinado por análise de curvas dose-resposta sigmoidais. As células HepG2 serão cultivadas em meio RPMI, após serão tripsinizadas, contadas e o valor de 1x104 células/poço será plaqueado e incubado por ? 16 h em estufa a 37 °C, 5% de CO2 e 95% de umidade. Em seguida, serão adicionados os compostos e incubado novamente por 72 h. A citotoxicidade será determinada por método de fluorescência com resazurina (MADUREIRA et al., 2002). Para as análises da concentração citotóxica para 50% das células viáveis (CC50) serão considerados resultados significativos valores de p<0,05 e R2 > 0,95. O índice de seletividade (IS) será calculado entre a razão de CC50/IC50 e comparados. Valores de IS?10 serão considerados seletivos, enquanto valores menores que 10 indicarão ausência de seletividade (NAVA-ZUAZO et al., 2010). Para o ensaio de hemólise, 1% de eritrócitos humanos será plaqueado com os compostos e incubada por 30 min á 37 °C. Saponina a 0,05% será usada como controle de hemólise, controle negativo com hemácias não tratadas e branco com meio RPMI. A leitura da absorbância será realizada em espectrofotômetro (WANG et al., 2010). A taxa de hemólise da amostra será calculada comparando com o controle de saponina. Os resultados serão avaliados mediante ANOVA e considerados significativos se apresentarem nível de significância (p<0,05). Espera-se com o presente estudo eleger um composto com atividade antimalárica para ser conduzido para os ensaios in vitro mais específicos com formas assexuadas e sexuadas do parasito.
Área de conhecimento (CNPq): Parasitologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 26.6. Triagem biológica de produtos naturais e substâncias sintéticas na busca de novos fármacos