Estudo da integridade da barreira hematoencefálica em pacientes com infecção pelo SARS-CoV-2 e manifestações neurológicasvoltar para a edição atual

Rhuann Pontes

Sob orientação de Clarice Neuenschwander Lins de Morais e Cristiane Campello Bresani Salvi
Durante a pandemia do novo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave tipo 2 (SARS-CoV-2), iniciada em 2019, o SARS-CoV-2 vem provando seus efeitos agudos e pós-infecciosos sobre o sistema nervoso central (SNC), sendo implicado em quadros de encefalopatias, meningoencefalites, convulsões, vasculite cerebral e acidentes vasculares cerebrais. Sendo assim, o conhecimento sobre a neuropatogênese da doença do novo coronavírus de 2019 (COVID-19) está em pleno desenvolvimento, com especial interesse sobre o potencial neuroinvasivo e neuroinflamatório do vírus¹,². O SARS-CoV-2 tem sido identificado em exames histopatológicos de cérebro de casos fatais, juntamente com sinais de dano endotelial microvascular e invasão de linfócitos T em parênquima cerebral e meninges3,4,5,6,7. Por outro lado, o exame do líquor de pacientes com COVID-19 e manifestações neurológicas têm detectado o SARS-CoV-2 apenas em uma minoria dos caso8. Pleocitose, aumento dos níveis de proteínas totais e albumina assim como a presença de imunoglobulinas anti-SARS-CoV-2, têm sido achados frequentes no líquor desses pacientes 9,10,11. De modo geral, aumento de proteínas totais no LCR pode advir de inflamações meníngeas e mieloencefálicas ou de dano axonal, enquanto aumento da concentração de albumina relativo ao seu valor sérico (coeficiente de albumina líquor:soro) decorre de ruptura da integridade da barreira hematoencefálica (BHE), com aumento da permeabilidade à albumina sérica, pois não há produção desta proteína no SNC12. Por sua vez, aumentos do coeficiente de imunoglobulinas líquor:soro podem indicar aumento na permeabilidade da BHE ou produção local destas em SNC para o espaço liquórico (produção intra-tecal)13. Altos títulos de imunoglobulinas anti-SARS-CoV-2 em LCR têm sido achados frequentes na COVID-19 com manifestações de SNC14; todavia, dados sobre integridade/permeabilidade da BHE e produção intratecal de anticorpos anti-SARS-CoV-2 são ainda escassos. Desse modo, a atual proposta irá examinar o líquor de pacientes com infecção pelo SARS-CoV-2 internados com AVC, encefalopatias e meningoencefalites, a fim de verificar a integridade da barreira hematoencefálica.
Área de conhecimento (CNPq): Medicina Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 11.20. Manifestações neurológicas das doenças infecciosas