Levantamento de ocorrência de ectoparasitos envolvidos na transmissão de Yersinia pestis no Estado de Pernambuco entre 1966 e 2007voltar para a edição atual

MARINA MACEDO GOMES

Sob orientação de ALZIRA MARIA PAIVA DE ALMEIDA e DIEGO LEANDRO REIS DA SILVA FERNANDES
Levantamento de ocorrência de ectoparasitas envolvidos na transmissão de Yersinia pestis no estado de Pernambuco entre 1995 a 2005. A peste é uma zoonose de roedores silvestres, transmitida por pulgas, que pode infectar outros mamíferos, inclusive humanos. A zoonose permanece endêmica em alguns países e um potencial causador de emergência de saúde pública de interesse nacional (ESPIN) ou internacional (ESPII) fazendo-se necessária a vigilância ativa das áreas focais e a manutenção de equipes treinadas para situações de emergência. Compreender a dinâmica da peste em diferentes ecossistemas e contextos sociais é fundamental para estabelecer estratégias de vigilância eficazes, capazes de reconhecer eventos que podem preceder o acometimento das populações humanas, como por exemplo aumento das populações de roedores/hospedeiros e pulgas/vetores, epizootias dos roedores e outros. Nesse sentido, o objetivo do estudo foi descrever as informações bióticas sobre as populações de ectoparasitos encontrados em hospedeiros nas áreas historicamente focais de transmissão na Chapada do Araripe no sertão Pernambucano. Foi realizado um estudo descritivo com abordagem quantitativa a partir de informações contidas no acervo do Serviço de Referência Nacional em Peste do Instituto Aggeu Magalhães - FIOCRUZ PE por meio de dados obtidos pelo Programa de Controle da Peste no estado de Pernambuco no período de 1995 a 2005. No período analisado o roedor sinantrópico comensal Rattus rattus apresentou maior prevalência do que as espécies silvestres (Necromys lasiurus, Galea spixii e Thrichomys laurentius, Calomys expulsus, Cerradomys langguthi, Oligoryzomys nigripes e Wiedomys pirhorrohinus), sendo a menor frequência de capturas do pequeno marsupial Monodelphis domestica que forneceu apenas 0,02% das capturas e não hospedava nenhuma pulga. Tanto o R. rattus quanto todas as espécies de roedores silvestres, hospedavam pulgas ectoparasitas das espécies Polygenis tripus, P. b. jordani e Ctenocephalides felis. A Xenopsylla cheopis foi encontrada parasitando principalmente o R. rattus e em menor frequência as espécies silvestres exceto W. pirhorrohinus e O. nigripes. A ocorrência da P. irritans foi praticamente excepcional, apenas um espécime foi encontrado em um roedor T. laurentius e forneceu apenas 0,01% total de pulgas coletadas no período. Foi observada flutuação na frequência de animais (roedores e pulgas) obtidos em relação aos meses dos anos, com elevação na quantidade de roedores capturados nos meses de junho a outubro. Os resultados mostraram uma redução do número de roedores e pulgas ectoparasitas, e os índices totais de pulgas (número total de pulgas/número total de roedores) ficaram <1, valor inferior ao índice considerado como fator de risco para peste (>1). Embora a maior quantidade de animais obtidos (roedores e pulgas) tenha sido originada do município de Exu seguido de Bodocó, Serrita, Granito, Cedro e Moreilândia a relação parasito/hospedeiro revelou maiores índices de pulgas (>1) nos municípios Cedro, Moreilândia e Exu e índices mais baixos (<1) nos municípios de Bodocó, Granito e Serrita. A abundância do roedor comensal (R. rattus) pode levar a uma maior exposição das populações humanas, especialmente considerando sua proximidade com os humanos favorecendo a propagação da peste e outras doenças transmitidas por esses roedores. Apesar da alta prevalência desses roedores a infecção não foi detectada na área estudada podendo-se atribuir aos baixos índices de pulgas no período.
Palavras-chaves:PESTEYERSINIA PESTISGEOPROCESSAMENTOPULICIDAEPERNAMBUCOROEDORESECTOPARASITOS Área de conhecimento (CNPq): Microbiologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 2.3. Aspectos microbiológicos, ecológicos e epidemiológicos das zoonoses, entero-infecções e infecções respiratórias