Impacto da artralgia crônica pós chikungunya na saúde mental e física: um estudo de coorte prospectivavoltar para a edição atual

Alan José Alcântara de Figueiredo Júnior

Sob orientação de Guilherme de Sousa Ribeiro e ROSANGELA OLIVEIRA DOS ANJOS
Estima-se que cerca de 40 por cento das pessoas acometidas por chikungunya desenvolvam dores articulares crônicas, com duração de três meses a alguns anos. Como consequência, pode haver prejuízo da saúde mental e diminuição da capacidade funcional. Esse estudo tem o objetivo de estimar a incidência de infecção pelo vírus chikungunya em suas diferentes formas clínicas (assintomática, sintomática com evolução não crônica da dor articular e sintomática com evolução crônica da dor articular) e avaliar o impacto da cronificação da artralgia na produtividade laboral, prática de atividade física, saúde mental e qualidade de vida. Para atender aos objetivos, realizou-se um estudo de coorte prospectivo em uma comunidade de Salvador, Bahia. O soroinquérito de base foi realizado entre set-nov/2019 e o de seguimento entre out-dez/2020. Contatos telefônicos quinzenais foram realizados entre os inquéritos para identificar episódios de febre e dor articular. Os critérios de inclusão foram: dormir pelo menos três noites por semana no domicílio, ter idade > ou = 6 meses e não ter déficit cognitivo ou de comunicação. A inclusão dos participantes foi realizada por meio de seleção aleatória de domicílios e inclusão de voluntários. Foi estimado um tamanho amostral de 600 participantes e foram inclusos 606 participantes. Nos dois inquéritos, foram realizadas entrevistas para coleta de dados sociodemográficos e clínicos e aplicados questionários validados para mensurar a prática de atividade física, o prejuízo da produtividade laboral, a qualidade de vida e a saúde mental. Durante os soroinquéritos, coletou-se amostras de sangue para verificar a presença de anticorpos IgM e IgG específicos contra o vírus chikungunya (CHIKV) por meio de ELISA (Inbios, Seattle, EUA e Euroimmun, Luebeck, Alemanha, respectivamente). Serão considerados casos prevalentes de infecção pelo CHIKV aqueles que apresentarem IgM e/ou IgG contra CHIKV nas amostras obtidas na linha de base. Serão considerados casos incidentes os que tiveram apresentarem soroconversão de IgM ou IgG entre os dois soroinquéritos. Serão considerados casos de infecção sintomática, os casos incidentes que: 1) relatarem febre e artralgia durante as ligações telefônicas quinzenais realizadas no período entre os inquéritos; 2) relatarem artralgia sem febre desde que não houvesse doença musculoesquelética prévia; ou 3) relatarem febre sem artralgia desde que a febre não possa ser explicada por uma infecção pelo SARS-CoV-2 durante o seguimento (febre anterior à pandemia de COVID-19 (até primeira quinzena de mar/2020) ou ELISA IgG para SARS-CoV-2 não reagente no soroinquérito de 2020). Os casos de infecção sintomática serão considerados como sintomáticos crônicos quando referirem que a dor articular teve duração maior que 90 dias. A caracterização dos participantes será realizada por frequências absolutas e relativas e medidas de tendência central e dispersão. Indicadores de prevalência com intervalos de confiança de 95 por cento serão calculados para descrever a incidência de infecção pelo CHIKV em suas diversas formas clínicas. Para comparar a prática de atividade física, produtividade, qualidade de vida e saúde mental dos participantes de acordo com o status clínico-imunológico da infecção (negativos durante o seguimento; com infecção assintomática; com infecção sintomática e sem evolução para artralgia crônica; e com infecção sintomática e evolução para artralgia crônica) serão realizados regressão linear ou regressão de Poisson (a depender do tipo de variável de desfecho) com ajuste para sexo, idade e para agregação domiciliar dos dados. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IGM-Fiocruz, sob parecer 4.315.730. Considerando o contexto endêmico da chikungunya, este trabalho poderá orientar profissionais de saúde e gestores sobre grupos com maior risco de desenvolver artralgia crônica e possibilitar intervenção oportuna para minimizar os efeitos negativos sobre a saúde dos acometidos.
Palavras-chaves:INCIDÊNCIAARBOVÍRUSSARS-COV-2EPIDEMIOLOGIA Área de conhecimento (CNPq): Saúde Coletiva Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 15.5. Epidemiologia de doenças transmissíveis