Avaliação da resposta imune em indivíduos vacinados contra COVID-19voltar para a edição atual

AMANDA VITORIA PINHEIRO NASCIMENTO

Sob orientação de ADA MARIA DE BARCELOS ALVES e SIMONE MORAIS DA COSTA
A pandemia da COVID-19 (doença por Coronavírus de 2019) levou a óbito quase 7 milhões de indivíduos no mundo todo. No Brasil foram confirmados mais de 37 milhões de casos, com cerca de 700 mil mortes. A infecção com o Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2), agente etiológico da COVID-19, não só pode ser fatal, mas também deixar várias sequelas. Além disso, com o espalhamento do SARS-CoV-2 ao longo de mais de 3 anos, desde o início da pandemia, surgiram diversas variantes virais com mutações relevantes que impactam na transmissão viral e podem afetar a eficácia protetora das vacinas. Tais variantes foram responsáveis por sucessivas ondas epidêmicas, incluindo as variantes Alfa, Beta, Gama, Delta e Ômicron. Até o momento, as vacinas disponíveis contra a COVID-19 se baseiam principalmente na proteína spike (S), que está presente no envelope viral e interage com o receptor celular, a proteína ECA-2, permitindo a internalização do SARS-CoV-2. O foco principal destas vacinas é a indução de anticorpos neutralizantes (AcN) contra a proteína S, apesar dos estudos também apontarem um papel importante da resposta imune celular na proteção. No Brasil, inicialmente foram administradas pelo Programa Nacional de Imunização quatro vacinas: a CoronaVac, constituída do SARS-CoV-2 inativado; a ChAdOx1 da Oxford/AstraZeneca, baseada em adenovírus recombinante de chimpanzé contendo o gene da proteína S de SARS-CoV-2; a ComiRNAty da Pfizer/BioNTech, composta do mRNA que codifica a proteína S do SARS-CoV-2; e a Ad26.COV2.S desenvolvida pela Janssen Pharmaceutical/Johnson & Johnson, baseada no adenovírus humano Ad26 e contendo o gene que codifica a proteína S de SARS-CoV-2. Por serem baseadas em plataformas tecnológicas distintas, estas vacinas podem estimular de forma diferente as respostas imunes, humoral e celular. Ademais, diferentes esquemas de dose/reforço homólogos ou heterólogos vêm sendo administrados em nossa população. Somado a isto, recentemente foi introduzida no Brasil a vacina bivalente produzida pela Pfizer-BioNTech contra a cepa original do vírus isolado em Wuhan e a variante Ômicron. Iniciamos em nosso laboratório, um estudo para avaliar as respostas induzidas em indivíduos imunizados com as quatro vacinas de primeira geração em uso no país, CoronaVac, AstraZeneca, Janssen e Pfizer. Pretendemos avaliar o impacto da administração de diferentes abordagens vacinais em sistemas de doses e reforço heterólogos na população. Sendo assim, o presente projeto tem como objetivo continuar as avaliações do perfil e magnitude da resposta imune humoral e, futuramente, celular, em indivíduos vacinados na nossa população com os diferentes esquemas de dose e reforço com as vacinas de primeira geração, direcionadas contra o vírus original (Wuhan). Também iniciaremos as investigações quanto às respostas imunes induzidas com a vacina bivalente recentemente introduzida no Brasil, contra o vírus ancestral e a variante Ômicron. Pretendemos quantificar os AcN contra a variante de SARS-CoV-2 original (Wuhan) e também contra variantes que já circularam com algum impacto no país (Delta e Ômicron). Também iremos comparar as respostas induzidas nos voluntários que tiveram COVID-19 ou infecções assintomáticas. Para isto, iremos utilizar os dados fornecidos pelos voluntários no momento da coleta de sangue e a determinação da presença ou não de anticorpos contra a nucleoproteína (N) de SARS-CoV-2, como indicativo de infecção prévia com o vírus, uma vez que este antígeno não está presente na maioria das vacinas contra COVID-19.
Palavras-chaves:VACINAS DE DNADENGUEZIKACOVID-19 Área de conhecimento (CNPq): Bioquímica Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 28.1. Pesquisa e Desenvolvimento de vacinas antivirais