Metabolômica como estratégia para o controle de qualidade e desenvolvimento de fitoterápicosvoltar para a edição atual

BEATRIZ NASCIMENTO DE ARAUJO

Sob orientação de Erika Martins de Carvalho
A Metabolômica que visa identificar e quantificar substâncias de baixo peso molecular (<1.500 Da), tem sido amplamente empregada em estudos para o controle de qualidade de plantas, fenotipagem metabólica e os efeitos farmacológicos dos fitoterápicos (HONG, 2016). Os estudos metabolômicos podem ser dirigidos de modo seletivo (metabolômica alvo) ou não seletivo (metabolômica global). No caso das análises seletivas, a atenção enfoca a caracterização de uma classe de metabólitos (‘target compounds’), ou em um composto específico que permite um aumento na sensibilidade e, normalmente, atentando para a quantificação do(s) analito(s). No modo não seletivo observa-se simultaneamente o maior número de substâncias na amostra visando gerar perfis metabólicos (‘metabolic profiles’) ou padrões metabólicos (‘metabolic fingerprints’) característicos de um dado fenótipo. O objetivo central desta estratégia é afiançar que os componentes bioativos representativos estejam presentes de forma consistente e uniformizada conferindo ao produto qualidade e por conseguinte eficácia e segurança. Para alcançar estes objetivos tanto estudos metabolômicos seletivos e não seletivos combinando diferentes técnicas analíticas, como RMN e CL-EM / CG-EM são utilizados para garantir melhor cobertura metabólica e consequentemente, controle de qualidade, processamento e fabricação dos mesmos. O gênero Eugenia sp., pertencente à família Myrtaceae, é largamente empregado na medicina popular, em especial para o trato de infecções gastrointestinais. Na literatura científica há estudos que mostram uma ampla atividade biológica como atividade anti-inflamatória, antibacteriana, antioxidante, antitumoral, antiviral entre outros. Estas atividades biológicas, geralmente, são atribuídas à presença de ácidos triterpênicos. Nas espécies de Eugenia são normalmente descritas a presença dos ácidos betulínico, ursólico e oleanólico. O objetivo deste trabalho foi avaliar de forma geral a porção triterpênica (‘target compounds’) dos extratos metanólicos preparados a partir das folhas das espécies Eugenia punicifolia (Kunth) DC., Eugenia brasiliensis Lam. e Eugenia florida DC., em diferentes estações do ano. A coleta das folhas das E. brasiliensis e E. florida foi realizada em espécies localizadas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e as folhas de E. punicifolia na Universidade Federal do Amazonas. Todo material coletado, seguiu o mesmo protocolo de limpeza e higienização seguido de pesagem e secagem em estufa a aproximadamente 40ºC. As folhas foram trituradas em moinho de facas e submetidas a extração por maceração em etanol por 7 dias. Na prospecção fitoquímica foi identificada a presença de ácidos triterpênicos, taninos e ácidos fenólicos. A quantificação dos ácidos triterpênicos realizada por HPLC-DAD evidenciou uma variação na composição de ácidos triterpênicos entre as espécies e estações do ano. Foi identificada a presença de ácido barbinérvico nas três espécies de Eugenia. Este é o primeiro relato da presença de quantidades significativas do ácido barbinérvico na espécie de E. brasiliensis.
Palavras-chaves:METABOLÔMICARMNFITOTERAPIAEUGENIA Área de conhecimento (CNPq): Química Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 26.1. Pesquisa e Desenvolvimento de fitoterápicos