Doença de Chagas: diagnóstico molecular pela Nested PCR (NPCR) e avaliação socioepidemiológica em pessoas que vivem com o HIV (PVHIV) em Mato Grosso do Sul.voltar para a edição atual

No Brasil, a prevalência da doença de Chagas é de 1,8 a 2,4 milhões de indivíduos na fase crônica, com alta carga de morbimortalidade. Atualmente, esses pacientes têm maior sobrevida e podem estar envolvidos em processos migratórios e de urbanização. Dessa forma, a probabilidade de ocorrência de comorbidades é maior, sendo infecciosas ou não, como por exemplo, a coinfecção do Trypanosoma cruzi com o HIV (Vírus da Imunodeficiência Adquirida). No Brasil, o T. cruzi comporta-se como oportunista na coinfecção T. cruzi /HIV. Estima-se 16.000 casos dessa coinfecção. A imunodeficiência avançada, causada pelo HIV, tratamento para o câncer, transplante de órgãos e outras causas, pode levar à reativação da doença de Chagas, caracterizadas pela miocardite e/ou meningoencefalite. Segundo o PCDT (Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas), de 2018, para o manejo da infecção pelo HIV em adultos, a sorologia para a doença de Chagas deve ser solicitada na triagem de indivíduos originários de áreas endêmicas. O estado de Mato Grosso do Sul não é considerado região endêmica para a doença de Chagas, e apresenta baixa prevalência dessa enfermidade. No entanto, recebe migrantes latino-americanos e de outras regiões do Brasil. Assim sendo, é de suma importância realizar um inquérito sorológico e molecular da doença de Chagas dentre as pessoas que vivem com o HIV (PVHIV) atendidas nos serviços de referência do estado, assim como o levantamento de dados socioepidemiológicos desses pacientes. Complementares aos testes sorológicos, os testes moleculares são indicados devido à baixa quantidade de anticorpos observados nas PVHIV. Dessa forma, o acompanhamento e tratamento etiológico poderão ser determinantes na prevenção da reativação da doença de Chagas nos coinfectados. Os principais objetivos desse trabalho serão: realizar um inquérito com testes moleculares (Nested PCR - NPCR) para a doença de Chagas em pessoas que vivem com o HIV, atendidos nos serviços de referência do estado de Mato Grosso do Sul e levantar os dados socioepidemiológicos sobre a doença de Chagas e HIV através da aplicação de um questionário. Após a concordância em participar do projeto e assinatura do TCLE (termo de consentimento livre e esclarecido), será aplicado um questionário para a avaliação socioepidemiológica. Então, será realizada a coleta de sangue e as amostras serão encaminhadas ao laboratório para processamento, extração de DNA, avaliação da qualidade do DNA e realização da NPCR, tendo como o alvo, a região nuclear do T. cruzi. O produto da PCR será submetido à eletroforese em gel de agarose corado com Sybr Safe e registrado em foto documentador apropriado. As respostas dos questionários socioepidemiológicos serão tabuladas e analisadas, sob a forma de tabelas e gráficos.