Prevalência de maus-tratos durante a atenção ao parto e perda fetal precoce e associação com raça/cor da pele: um estudo representativo do estado do Rio de Janeirovoltar para a edição atual

FERNANDA FREITAS FERNANDES

Sob orientação de SILVANA GRANADO NOGUEIRA DA GAMA e MARILIA ARNDT MESENBURG
Publicações recentes têm mostrado que muitas mulheres no mundo são vítimas de maus-tratos, desrespeito, abusos e negligência durante a gestação, parto e puerpério, incluindo mulheres em situação de perda fetal precoce. Além disso, são escassos estudos que abordem fatores associados e consequência dos maus-tratos na saúde da mulher e do recém-nascido. Na tentativa de elucidar algumas dessas questões, a pesquisa sobre o tema de representatividade estadual do Rio de Janeiro é uma oportunidade única para se obter informações e estabelecer a prevalência, fatores de risco e consequência dos maus-tratos no parto e no atendimento a perda fetal precoce. Este estudo tem como objetivo avaliara a associação entre maus tratos na atenção ao parto e perda fetal precoce com cor da pele/raça autorreferida. Trata-se de um estudo longitudinal, de abrangência estadual e de base hospitalar, com um componente seccional e dois componentes de seguimento por telefone: o primeiro, entre 45 e 60 dias após o parto e o segundo por volta de 120 dias após o parto. Ao todo, serão entrevistadas aproximadamente 2500 puérperas de parto e perda fetal precoce. Serão utilizadas 3 fontes de informações:1) entrevista hospitalar com a puérpera de parto ou perda fetal precoce; 2) entrevista telefônica I; 3) entrevista telefônica II. As informações sobre maus tratos serão coletadas durante a segunda entrevista telefônica. Será utilizada uma versão adaptada para o português do questionário sobre maus-tratos da Organização Mundial de Saúde. Serão estimadas as prevalências de maus-tratos em mulheres de parto e perda fetal precoce assim como será estimada a prevalência em segundo características socioeconômicas e demográficas para a identificação de grupos mais vulneráveis. Comparações serão realizadas utilizando o teste qui-quadrado. Com essa pesquisa, esperamos publicar um artigo científico em revista indexada e fomentar o debate sobre o tema. Além disso, pretendemos divulgar os resultados através de redes sociais e ao movimento negro no estado do Rio de Janeiro. Para finalizar, também é esperado que os resultados dessa pesquisa sejam utilizados na formulação de políticas públicas para a mitigação dos maus tratos na atenção ao parto e perda fetal precoce no estado do Rio de Janeiro, através da divulgação ao Conselho Estadual de Saúde e Secretaria Estadual de Saúde.
Área de conhecimento (CNPq): Saúde Coletiva Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 12.1. Gênero e saúde, sexualidade e saúde reprodutiva