Avaliação da produção de citocinas induzida pelo efeito imunomodulatório da Lactoferrina bovina em células do sistema imunológico estimuladas com SARS-CoV-2.voltar para a edição atual

Miguel Pires Medeiros Diniz Rodrigues

Sob orientação de ANDREA MARQUES VIEIRA DA SILVA e TAMIRIS AZAMOR DA COSTA BARROS
Com o advento da pandemia de COVID-19 no final de 2019 na China, há no mundo uma busca incessante por tratamentos capazes de auxiliar na recuperação dos pacientes atingidos pela forma grave da doença. Uma vez que, na maioria dos casos graves a infecção pelo SARS-CoV-2 provoca uma resposta inflamatória exacerbada com alta produção de citocinas (cytokine storm), fármacos com ação imunomodulatória tem sido usado no tratamento do quadro clinico da doença COVID-19. A lactoferrina (Lf) é uma das proteínas encontrada no leite, é uma proteína multifuncional. Já foi descrita como tratamento preventivo e terapêutico, por apresentar atividade antimicrobiana, antifúngica, imunomoduladora, antitumoral e antiviral demonstrado em ensaios in vitro e in vivo. O principal objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito na resposta imunológica ao SARS-CoV-2 in vitro. Células mononucleares do sangue periférico (PBMC) de participantes com COVID-19 em fase convalescente foram incubadas com a lactoferrina bovina (bLF) a 1 mg/mL, dexametasona (1?M), anti-IL-6 (250 e 500 pg/mL) e interferon alfa (10ng/mL) e estimuladas com proteína S recombinante do SARS-CoV-2. Foi utilizado as técnicas de ELISpot e microarranjo liquido multiplex, para quantificação de citocinas. Avaliando os níveis de citocinas secretadas pelas PBMCs estimuladas e não estimuladas e submetidas a terapia com os fármacos mencionados acima. Foi observado que bLF foi capaz de reduzir a liberação de IFN-?, similar ao perfil da redução no tratamento com dexametasona e anti-IL-6. Em contraste, IFN-? induziu um aumento nos níveis de IFN-?. A IL-6 apresentou menor nível no tratamento com bLF em relação aos outros fármacos, demonstrando ser um bom marcador de avaliação da terapia. Em contraste, os níveis de IL-1b aumentaram nas células estimuladas. Foi observado que em algumas das citocinas avaliadas, a bLF não apresentou o efeito modulador na produção do IL-2, CCL3/MIP1a, GM-CSF e CCL5/rantes. Sendo assim, é necessário complementar estas avaliações, a fim de identificar que células infectadas com SARS-CoV-2, expostas a bLf sejam capazes de controlar a tradução e liberação de citocinas pró-inflamatórias e regulatórias. Reduzindo assim, o quadro de inflamação exacerbada observado em pacientes que desenvolvem a forma grave da COVID-19 e possibilitando que a bLf possa ser utilizada como um complemento terapêutico.
Área de conhecimento (CNPq): Imunologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 5.1. Fisiologia e fisiopatologia do sistema imune