Estudo da infectividade in vitro de Leishmania infantum sob efeito do nocaute do gene para proteína flagelar PF16voltar para a edição atual

MATEUS MARCHETTO

Sob orientação de Lia Carolina A S Medeiros e GUSTAVO GONCALVES
Leishmaniose é uma doença tropical negligenciada, com diferentes manifestações clínicas, cujos agentes etiológicos são parasitas unicelulares flagelados do gênero Leishmania spp. No Brasil, a Leishmaniose Visceral, forma mais grave da doença, é causada pelo parasita L. infantum. O tratamento quimioterápico realizado é bastante tóxico e antiquado, baseado em medicamentos antimoniais, que apresentam diversas desvantagens, e uma ferramenta vacinal eficiente ainda não está disponível. Por isso, espera-se identificar formas de modernizar o tratamento e prevenção. Nesse sentido, o flagelo da Leishmania apresenta papel crítico na interação parasita-hospedeiro, atuando na motilidade, morfogênese e divisão celular. Logo, é fundamental uma compreensão mais ampla do funcionamento das proteínas flagelares. Recentemente, Beneke, et al. (2019) utilizaram a técnica de CRISPR/Cas9 para nocautear diversos genes componentes do proteoma do flagelo da L. mexicana. Dentre eles, destacou-se o gene PF16, descoberto pela primeira vez em Chlamydomonas reinhardtii (BENEKE, et al., 2017). A inativação do gene PF16 em Chlamydomonas levou à perda do par central de microtúbulos e função flagelar anormal, mostrando que o PF16 é necessário para a motilidade flagelar e estabilidade do microtúbulo C1 do par central (STRASCHIL, et al., 2010). Nesse sentido, o defeito derivado do nocaute do gene resultou em paralisia total da L. mexicana, se assemelhando ao defeito do mutante PF16 Chlamydomona reinhardtii, indicando que a proteína é um componente axonemal bem conservado. O presente projeto, portanto, se propõe a obter e caracterizar parasitas nocaute para PF16 em L. infantum e avaliar sua capacidade infectiva. Mais especificamente, pretendemos realizar o nocaute do gene que codifica para a proteína flagelar PF16 em L. infantum por CRISPR-Cas9; avaliar a motilidade e comportamento do flagelo das formas promastigotas de L. infantum nocautes através de ensaios de motilidade por vídeo microscopia; e avaliar a capacidade de infecção in vitro de L. infantum nocautes em macrófagos derivados de células THP-1. Assim, o presente projeto visa abrir caminhos para a descoberta de novos alvos quimioterápicos na Leishmaniose em humanos, além de uma possível ferramenta vacinal.
Palavras-chaves:LEISHMANIALEISHMANIOSEFLAGELOTRIPANINAHIDINAARL-A3CRISPR-CAS9. Área de conhecimento (CNPq): Parasitologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 4.3. Biologia, bioquímica e biologia molecular de parasitos e a sua interação com células e hospedeiros