Terapia Fotodinâmica em linhagem tumoral de hepatocarcinoma: Explorando o potencial do Azul de Metileno e outros fotossensibilizadores.voltar para a edição atual
Thatiane Luca Marques de Almeida
Sob orientação de LUIZ ANASTACIO ALVES e Heber Lopes de Mello
O hepatocarcinoma é hoje o 5ª diagnóstico mais comum de câncer entre
homens e o 7ª entre mulheres e leva à morte de aproximadamente 600.000 pessoas
por ano em todo o mundo. O câncer hepático é uma doença extremamente debilitantes,
tendo em vista o papel do fígado na síntese de fatores de coagulação, albumina,
glicídios, hormônios, entre outros, além de suas funções desintoxicantes. Apesar do
grande avanço no tratamento de tumores, as terapias e os fármacos disponíveis
atualmente incluem procedimentos que, embora sejam eficientes, apresentam pouca
seletividade, danificando estruturas e células saudáveis adjacentes e sistêmicas, o que
acarreta em muitos efeitos colaterais para o paciente. Dessa maneira, o
desenvolvimento e/ou aprimoramento de novas abordagens terapêuticas é importante
devido à crescente incidência de câncer pelo mundo. E a Terapia Fotodinâmica (TFD)
surge como um desses tratamentos. Sendo considerada uma alternativa menos
invasiva e mais específica quando comparada com os tratamentos tradicionais, a TFD
se baseia na utilização de um composto fotossensibilizador (FS), que ao ser excitado
por uma fonte de luz de comprimento de onda específico, passa de um estado
molecular fundamental para um estado excitado, e ao retornar a seu estado basal
promove a geração de espécies reativas de oxigênio (ROS) que vão ser responsáveis
por induzir a destruição do tecido irradiado. O azul de metileno (AM) se destaca, dentre
os FS utilizados, devido a sua baixa citotoxicidade no estado fundamental e seu alto
rendimento quântico, além de ser um composto já aprovado para uso terapêutico e ser
uma opção de baixo custo para a terapia. Entretanto, o AM apresenta baixa
permeabilidade celular em decorrência da sua polaridade. Assim, meios que facilitem a
passagem do AM pela membrana celular, como a utilização de peptídeos permeantes
de membrana (CPPs) e a indução da ativação dos receptores P2X7 seriam formas de
potencializar o efeito da terapia. Uma das possibilidades para aumentar a
permeabilidade do azul de metileno seria a utilização de poros de membrana catiônicos
ativados por receptores da família P2XR, que é expressa nos hepatócitos e em várias
outras células. O receptor P2X possui o ATP como agonista, sendo, dessa forma, um
alvo interessante para a internalização do AM em células tumorais de fígado. Por outro
lado, outra alternativa a ser explorada no projeto é a utilização de peptídeos
permeantes de membrana (CPPs), como a penetratina. Esse peptídeo com menos de
13 aminoácidos possui a ímpar característica anfipática e exerce a função de
carreadora de fármacos ou moléculas catiônicas do meio extracelular para o meio
intracelular. A TFD apresenta limitações com relação à aplicação da terapia em tumores
profundos, como o hepatocarcinoma, de maneira que a utilização de nanopartículas
busca aprimorar a eficácia da terapia em tumores de difícil localização. Essas
nanopartículas seriam excitadas através da utilização de raios-x de baixa intensidade,
de maneira que esses nanocintiladores emitam luz, ativando assim o
fotossensibilizador. Assim, neste projeto pretendemos investigar a eficiência da Terapia
Fotodinâmica em modelos de tumores in vitro e in vivo, usando AM e outros
fotossensibilizadores, bem como avaliar a otimização da permeabilidade do AM através
dos agentes permeabilizantes e o uso das nanopartículas radioluminescentes excitadas
por raios-x visando o tratamento de tumores profundos